não sei se é defeito de fabrico ou característica adquirida (posso imaginar onde e quando e porquê), mas é quando não tenho interlocutor, ou quando me parece impossível comunicar, ou quando a resposta tarda em chegar, ou quando devia ficar calada (por disciplina, por orgulho, por auto-estima) que as palavras se multiplicam e me enchem por dentro até transbordarem pela pele, pelos olhos, pelos dedos: palavras-vírus, hostis, invasoras, palavras-pedras, pesadas, duras, palavras-vivas, instáveis, frágeis. palavras demais para as conseguir deter a tempo. palavras demais para as conseguir conter cá dentro.
11:11
19 setembro, 2013
September - Earth, Wind & Fire
uma música cheia de boas energias para animar o regresso ao trabalho. banda sonora ideal para desligar o cérebro durante uns minutos e quem sabe até dançar... mas só se for com estilo, com muito estilo. como o Driss de "Amigos improváveis"
08 fevereiro, 2013
haiku
um pássaro caiu desamparado no meio da estrada.
um saco de plástico atravessou-a movido por uma alma emprestada.
um homem parou na berma, olhando o céu, à espera da próxima queda.
04 dezembro, 2012
Citação
A mansidão do amor não é pura quietude.
Amar não é estar enamorado.
Estar enamorado é um estado. E um estado sofre-se.
O amor é um acto, uma sucessão de actos em cadeia, uma guerra boa portanto.
O amor é inventivo até ao infinito...
D. António Couto
Etiquetas:
amor,
criatividade,
liberdade,
mansidão
(des)encanto
como se fosse de vidro
partiu-se em silêncio na tua voz
e escorreu-me sobre as mãos,
líquido, impossível de deter.
ninguém o ouviu senão eu.
ou imaginei
nas vibrações mais subtis,
nas minúsculas bifurcações de sentido,
nas alterações microtonais da sonoridade de certas palavras.
talvez nunca tas tivesse ouvido antes
para poder analisar com precisão.
talvez tenha sido apenas um erro fortuito de audiação.
e, qual cristal-líquido suspenso sobre a esquina das horas,
frágil, desafi(n)ando a queda,
a tua voz
permaneça intacta.
tão simplesmente ilegível
como sempre foi.
ou a pena de não saber de cor todas cores da tua voz.
Lenine & Julieta Venegas - Miedo (Acústico MTV) (HD)
entre o medo e a coragem um passo de distância: arriscar.
o medo nunca sai do lugar: quem sai somos nós.
03 dezembro, 2012
tanto
medo de te perder nos dias, assim como que te encontrei:
por acaso.
medo do tempo e da distância:
tanto, tanta.
medo de ter medo, medo de confiar,
medo de dizer a verdade, medo de mentir,
medo de me dar, medo de fugir.
06 novembro, 2012
Matisyahu - Miracle (New Acoustic Version)
Uma música cheia de boa energia.
Ouvir de manhã, à tarde ou à noite. Aumentar o volume. Deixar contaminar os dias.
05 novembro, 2012
Dúvida
se me calar agora,
se não te disser
nada,
se deixar falar em
meu lugar todas as vozes
da polifonia
imprevisível dos dias,
até a minha voz se
tornar imperceptível,
um eco, um rumor,
pouco mais que
nada.
se me calar agora,
será que vais
ouvir
em cada palavra
por dizer
o desejo em flor
que no meu corpo
amadurece?
se te calares
agora,
se não me disseres
nada,
se o teu silêncio
entrar
pelas portas e janelas
que a tua
voz em mim abriu
de par em par,
e com ele o frio
e com ele os
pássaros que bebem a sede
nos umbrais, nas
veias, nos beirais.
se te calares agora,
será que vou saber
em cada palavra que não dizes
o segredo que o teu corpo
em cada gesto amanhece?
se a distância correr entre nós
como um rio,
e nos afastar por fora
e nos habitar por dentro:
lodo nos meus dedos,
peixes nos teus olhos.
será que o meu desejo se vai diluir,
nos peixes dos teus olhos rasos de água?
será que os teus gestos se vão desfazer em cinzas,
no lodo das minhas mãos fechadas?
19 outubro, 2012
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