não sei se é defeito de fabrico ou característica adquirida (posso imaginar onde e quando e porquê), mas é quando não tenho interlocutor, ou quando me parece impossível comunicar, ou quando a resposta tarda em chegar, ou quando devia ficar calada (por disciplina, por orgulho, por auto-estima) que as palavras se multiplicam e me enchem por dentro até transbordarem pela pele, pelos olhos, pelos dedos: palavras-vírus, hostis, invasoras, palavras-pedras, pesadas, duras, palavras-vivas, instáveis, frágeis. palavras demais para as conseguir deter a tempo. palavras demais para as conseguir conter cá dentro.