10 dezembro, 2011

O olhar e o ver

em tempos de crise, e em todos os tempos, há pessoas que desistem e pessoas que reconhecem e agarram as oportunidades, há pessoas que bloqueiam e pessoas que sabem recomeçar uma, duas, três... as vezes que for preciso, há pessoas que se fecham em si mesmas e pessoas que se abrem aos outros. e não quero com isto dizer que o mundo se divide em dois tipos de pessoas, mas que nós, em diferentes tempos, podemos ter diferentes reacções aos acontecimentos, às pessoas, aos sentimentos. 

a qualidade do olhar é um factor preponderante. como vemos? o que vemos? continuamos a maravilhar-nos, ou tudo nos parece mais do mesmo? arriscamos expor-nos, ou temos uma imagem a defender? quando vemos injustiça, sofrimento,... sentimos-nos interpelados ou tornámo-nos indiferentes? o que vemos nos outros? os nossos pré-conceitos? os nossos pré-desejos? será que lá no fundo, bem no fundo, inconfessavelmente, ainda achamos que temos o direito de ser felizes e que os outros tem a obrigação de nos fazer felizes? ou vemos os outros como realmente são, com liberdade interior, sem julgar e sem exigir que correspondam aos nossos desígnios? 

viver atento, acordado, alerta para aquilo que nos rodeia não é um objectivo que em alguma altura está definitivamente conquistado, é uma atitude que se exercita constantemente, é uma meta nunca alcançada, podemos sempre fazer melhor, sempre. será que fazemos?