28 agosto, 2007

Parar...



"Mon representa e significa uma porta. Se colocarmos debaixo da porta o signo do Sol, converte-se em Ma: espaço, umbral, margem, vão, vazio, intervalo, entre, pausa.
Chamamos cultura da pausa à tradição oriental de dar importância aos silêncios na conversação, às margens na pintura, aos vãos livres na arquitectura, ao não dito na mensagem e à receptividade na contemplação."



em A Sabedoria do Oriente - do sofrimento à felicidade
de Juan Masiá






Precisamos de pausas. vários tipos de pausas. pausas de instantes ao longo do dia, como que para respirar fundo e continuar. pausas de períodos curtos de tempo, para nos dedicarmos a algo diferente, um passatempo, uma actividade desportiva, um momento de leitura, ou até de contemplação num jardim, em frente ao mar, ou na varanda lá de casa, algumas vezes por semana, ou até, se possível, uma vez por dia. pausas de vários dias, ou algumas semanas, que normalmente designamos por férias, para sair da correria do dia a dia e descansar (embora nem sempre consigamos descomplicar de tão habituados que estamos já a estar sempre ocupados a fazer alguma coisa). pausas ao longo da vida, momentos de paragem antes de uma decisão importante. esse espaço entre. espaço de silêncio e de decisões. espaço depois de e antes de. importa dar valor a esse tempo. esse momento presente, com mais ou menos angústia, com mais ou menos duração, com mais ou menos peso na nossa vida futura. muitas vezes nem temos consciência da importância e das consequências de uma decisão. mas é hoje que ela se constrói e nos transforma.
todas as pausas são importantes. preciso tanto de parar para decidir, como de parar para respirar. felizmente nestas férias consegui um pouco das duas.
é importante parar... nem que seja...






... à velocidade da luz







fotografia do sítio do costume




09 agosto, 2007

Orgulho







É bom termos consciência do nosso valor pessoal, e todos o temos, independentemente dos dons e dos defeitos que nos calharam em sorte, da função que desempenhamos, ou das circunstâncias em que nos encontramos. Essa consciência é a âncora necessária para não andarmos ao sabor da maré e a nosso estado de espírito não depender das opiniões dos outros sobre nós (embora não possamos viver sem as opiniões dos outros, e algumas delas nos devam merecer grande atenção, pois iluminam cantos que a nossa auto-correcção não vê).

É bom sermos capazes de reconhecer as nossas fraquezas (torna-nos capazes de assumir as nossas culpas e também de perdoarmos as dos outros) sem cairmos na tentação da falsa humildade e da auto-condescendência.

E aqui entra em campo uma personagem que se chama orgulho que pode confundir um bocado as coisas. Pode levar-nos a considerar que ter consciência do nosso valor pessoal é estarmos acima das críticas, que qualquer crítica é um ataque pessoal e uma tentativa de nos retirar o lugar ou o respeito a que temos direito. O orgulho alimenta aquela postura do: dar-se sem se rebaixar, na qual podem cair ambos: os que se merecem muito respeito, e os que apesar de mostrarem aparência humilde na verdade se sentem silenciosamente injustiçados por não lhes ser reconhecido o seu devido valor.


É preciso encontrar portanto uma referência para lidar com estas interacções tão complexas... e a mim parece-me que a melhor referência é a verdade. Ou seja, é bom sermos firmes. E é bom sermos frágeis. É bom sabermos o nosso valor. E é bom não lhe darmos demasiada importância.
A diferença entre escolher o orgulho ou a verdade é como a diferença entre fazer benzinho e fazer o melhor. Importa não ceder nos princípios, mas ceder às pessoas; não sermos coitadinhos, mas sermos capazes de sacrificar um posição segura, para poder chegar mais perto. Ninguém ama sem descer. Só quando a posição relativa que ocupamos em relação ao outro deixar de ser mais importante que o outro é que o nosso valor será realmente inabalável, porque já não teremos medo de o perder.


aceitar perder para ficar a ganhar...
dá que pensar, não dá?






imagem encontrada aqui



08 agosto, 2007

pequenas coisas, grandes esperanças


as atitudes de alguém próximo podem ser, às vezes, quase incompreensíveis, e não haver palavras, ou esforços que clarifiquem a situação, nem tentativas de diálogo que não resultem frustradas. geralmente a dimensão do problema tende a ser tão pequena que torna a situação em si ainda mais cansativa. só o não diálogo pode ser a causa do aumento da esperança de vida das coisas pequenas.

é para mim penoso, sentir o tempo passar sem que a verdade das coisas nos ilumine. é me difícil aceitar que algo que me pareça claro, resulte tão difícil de esclarecer. às vezes desejos subreptícios de invasão invadem-me: vou lá bater a tua porta até que abras e discutas comigo, ou vou ligar até me atenderes, mas a razão diz-me que devemos respeitar os tempos dos outros, e por isso não reclamo, não discuto, não invado... mostro-me apenas disponível, e espero... ainda que o tempo pareça demorar a passar, ainda que o tempo pareça esgotar-se a cada dia que passa, ainda que não consiga não pensar, ainda que não consiga não sofrer.

não cedo à resignação, mas à esperança. a esperança é a qualidade dos que esperam desejando o bem. a esperança tem na paciência uma aliada e firma as suas raízes na disponibilidade para aceitar. a esperança habita o coração daqueles que se deixam encontrar e torna o difícil mais fácil de suportar.























imagem retirada daqui




07 agosto, 2007

Intentions


we all have good and evil inside,
that doesn't make us good or bad persons though,
it's the choices we make,
the risks we take,
the part we choose to act upon
that defines who we are.
it seems simple,
but simple it is not.
we can still hurt trying to do some good,
we can still help although our intentions were bad:
this equation has too many variables,
and can evolve in unpredictable ways.
we can only try to get it right,
certain that we're going to fail too many times along the way...
we'll just have to keep trying...
keep trying, and failing, and guessing, and wishing,
and dreaming, and loving, and hurting...
keep trying, though hurt, though tired, though weak,
keep trying.