29 junho, 2010

"Eu sou o amor"



um filme que é um lugar fora do tempo. um espaço que se abre sobre o silêncio. também (mas não só) porque a banda sonora e o silêncio se conjugam na perfeição, como raramente se vê. raramente se vê o silêncio tão bem filmado.
Tilda Swinton é espantosa na contensão, no espanto, no abandono de certos gestos, e é impossível não respirar a sua personagem na sua viagem caleidoscópica, viagem interior vista de fora para dentro e de dentro para fora.
todo o filme vive desse estado de contensão-explosão permanente, que atravessa a personagem da realidade aos sonhos, da rotina à acção. filme em câmara lenta prestes a ruir, como se a beleza não pudesse existir mais do que alguns instantes, a cor sobre o branco, a luz sobre a pele, a ordem sobre o caos, o silêncio, o silêncio, o silêncio. no fim o silêncio.




imagem retirada daqui


Pensamento II


a verdade mais dolorosa é melhor que a mentira mais piedosa.


Pensamento I


às vezes enganámo-nos a nós próprios.
e no fundo sabemos que estamos a enganar-nos.
mas queríamos tanto estar enganados.
(ou seja, não estar enganados).


21 junho, 2010

quase...

depois de três semanas sem parar, tempo para arrumar...




o quarto.



(e a cabeça)




e também tempo para ler,
tempo para estudar,
tempo para parar,
tempo para sair,
tempo para...
descansar!



10 junho, 2010

sem título

na fronteira
de todos os pensamentos nenhum.
vazio, imóvel, frio,
em cada palavra,
em cada gesto te desafio.
toque, sopro, espaço,
em cada dia me deito,
em cada hora me esqueço,
escondo, minto, nego,
corro, fujo, faço.

07 junho, 2010

Conjugar o verbo acolher


é bom ter amigos. pessoas com quem se está bem, com se pode ser quem se é... às vezes mostramos o que não somos para não mostrarmos o que somos e isso deixa-nos sempre menores, insatisfeitos, porque a felicidade está na integridade, em sermos nós em todas as circunstâncias por mais chato ou difícil que isso às vezes pareça.
é bom abrir o coração a quem chega, sem falsas expectativas, respeitando a verdade do outro e a nossa própria verdade, percebendo que a felicidade está mais em acolher do que em receber. são tantas as vezes em que nos aproximamos ansiosos por receber, angustiados por concretizar os nossos desejos e os nossos planos independentemente da vontade e da situação do outro.
lá no fundo, precisamos todos, todos os dias, de nos sentirmos aceites naquilo que somos, não mais, nem menos, inteiros, com as nossas qualidades e defeitos. Se começássemos a fazê-lo hoje com as pessoas que conhecemos ou que encontramos no caminho a vida não seria diferente?

Conjugar o verbo estar


às vezes ficamos tão preocupados com o não cumprimento dos nossos planos que não aproveitamos o momento, nem as pessoas que temos ao nosso lado.
depois o dia passa, a noite vem, passa outro dia e outra noite e com o passar do tempo as coisas já não parecem tão terríveis, porque não o são de facto.
é importante relativizar e rirmo-nos de nós próprias, da nossa impaciência, da nossa urgência, quando aquilo que podemos de facto controlar à nossa volta é ínfimo...