13 setembro, 2006

depois






















gosto desta súbita claridade de fim de tarde depois da chuva,
como se de repente o dia voltasse a nascer
atrasado,
para morrer cedo demais.
gosto desta pálida luz calma,
como que murmurando que o tempo não faz sentido
e que sendo tudo já perdido
não há mais nada a perder.
gosto de voltar a ouvir a mesma música no mesmo lugar
sabendo que tudo está sempre a mudar
e nenhum momento se repetirá...
(nunca a mesma água passará duas vezes no leito do rio)
gosto de respirar fundo e imaginar
que música tem esta pessoa,
este momento, este lugar?
que sabor tem este instante,
este gesto, este olhar?




fotografia de Terri Weifenbach

06 setembro, 2006

inside a scattered blue light sky

a ouvir RYUICHI SAKAMOTO: the sheltering sky theme aqui


"Blue skies are produced as shorter wavelengths of the incoming visible light (violet and blue) are selectively scattered by small molecules of oxygen and nitrogen. The violet and blue light has been scattered over and over by the molecules all throughout the atmosphere, so our eyes register it as blue light coming from all directions, giving the sky its blue appearance."


retirado daqui


mas para quem for mais exigente e quiser uma explicação mais pormenorizada recomendo este


imagem encontrada aqui

04 setembro, 2006

the eternal sunshine...














































...of the spotless mind

WISHing for a spotLESS mind

antes de te conhecer (um te qualquer; como se fosse possível dissociar o pensamento do sentimento) o teu nome não significava nada para mim, era uma morada inútil, uma rua estranha, num mapa de desconhecidos. talvez até passasses por mim na rua. talvez até já tivesse estado sentada ao teu lado. antes de te conhecer, não existias para mim. existias menos do que as árvores dos meus caminhos de sempre.
antes de te conhecer o teu nome ouvido por acaso na boca de alguém não fazia nascer nenhuma imagem ou sensação, era como uma palavra inventada numa língua estrangeira que não saberia em que prateleira arrumar, nem que espaço lhe destinar, e que esqueceria 32 segundos depois, ou talvez nem isso (32 segundos ainda é um tempo de existência considerável)
antes de te conhecer não existia qualquer diferença entre ver-te ou não te ver, escrever-te ou não te escrever, ouvir uma música que sei que tu gostas ou não a ouvir, passar por ti na rua ou não passar, sentir a pele do teu braço por um instante ou não sentir, lembrar o teu sorriso ou não me lembrar (todos estados de igual energia, sem barreiras de activação nem angústias inusitadas ou borboletas no estômago)

e agora? não sei (éne à ó til ésse é i)

será que pela distância ou pelo tempo, ou recorrendo a algum, qualquer, elixir de esquecimento se consegue reequilibrar a energia, eliminar as variáveis incontroláveis, repor a ordem ou a insensibilidade às diferenças, às distâncias, aos silêncios, às sombras, às memórias mais obstinadas?… provavelmente… (serão, talvez, precisos bem mais do que 32 segundos)

outras dúvidas: será que se quer? será que se quer querer?
é caso para dizer...
(ou re-ver, ou re-experiênciar)
the eternal sunshine of the spotless mind
(para quem perceber)



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(achei que ficava bem meditar o tempo em código morse...
eu própria, agora, ao olhar não o sei ler...
tão difícil é traduzir o tempo…)


"tempo (do lat. tempus), s. m. duração limitada, por oposição à ideia de eternidade; período; época; sucessão de anos, dias, horas, momentos, que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro; meio indefinido onde se desenrolam irreversivelmente, as existências na sua mutação, os acontecimentos e os fenómenos na sua sucessão; certo período determinado em que decorre um facto ou vive uma personagem; oportunidade; ensejo; estação ou ocasião própria; prazo; duração; estado atmosférico; (Mús.) cada uma das partes completas de uma peça musical, em que o andamento muda; duração de cada parte do compasso; (Gram.) flexão indicativa do momento a que se refere o estado ou a acção dos verbos; loc. adv. a ~: oportunamente, em boa hora; a dois ~s, a quatro ~s: ciclos de funcionamento de um motor."


(ou então não)