04 agosto, 2008

tempo II


e porque tinha tempo não parei.
fui ao cinema:



O cavaleiro das trevas


um filme onde o vilão brilha mais do que o herói...
um brilho estranho é certo, o raiar da loucura e da violência gratuita,
sem leis, sem limites, pelo puro prazer do caos...
assustador portanto.
a reflectir dos outros o lado mais frágil,
a alimentar-lhes as dúvidas e as limitações...
somos capazes de viver os nossos princípios até às últimas consequências?


imagem retirada daqui


fui ao teatro:



Platónov


4h dentro de uma sala, mas não senti o tempo passar.
uma peça sem heróis, o retrato de uma sociedade decadente.
um homem no centro da história
que se deixa arrastar na sua própria pele,
preso nas suas teias e nas suas relações...
pela inacção vai-se corrompendo e vai corrompendo tudo e todos.
porque ser livre implica fazer opções, Platónov, o homem, não se liberta nunca,
nem liberta ninguém.


imagem retirada daqui


fui a um concerto:



Herbie Hancock e convidados


alguns dos convidados iluminaram mais que o anfitrião.
ouvir jazz no meio de uma multidão,
não é coisa que procure muito, aconteceu.
felizmente quando fecho os olhos
estou sozinha
estou só a ouvir com o corpo inteiro,
e ouvir é não pensar.


imagem retirada daqui


Sem comentários: