31 outubro, 2006

permanentemente em busca ou a destilação da beleza nos constituintes essenciais



uma certa cor na luz de fim de tarde,


o aroma da chuva na terra,


o rodopiar das folhas com o vento,


o ar de repente frio na cara,


o olhar grávido de compreensão de um desconhecido,


o silêncio,


o reflexo do céu num rio, num lago, numa poça de água,


a sensação táctil do tronco de uma árvore velha,
como se ao toque se transferisse uma mensagem indecifrável,
um segredo feito de tempo e de estar.




há dias em que sou consciente de ser parte desse cenário maior onde a vida se desenrola (umas vezes governada pela termodinâmica, outras vezes limitada pela cinética, umas vezes aparentemente previsível, outras vezes descrevendo inesperados desvios e desafiando à invenção de novas energias de estabilização)
há dias em que simplesmente respirar aproxima, ou distancia… porquê? não sei…
descobriria talvez se pudesse decifrar todo este discurso vibracional que nos envolve, em que inevitavelmente conjugamos, dia após dia, o verbo ser (com mais ou menos convicção).
uma qualquer flor florindo não consegue senão ser. nela reconheceremos facilmente uma beleza intrínseca… natural. já entre gentes (entes, entes…) é fácil cair na tentação de a não reconhecer ou de a confundir com o que os olhos podem ver, quando a beleza é, tão simplesmente, a simultaneidade de verdade e benignidade no mesmo ente (gente, gente…). e por isso à partida todos têm em si a essência da beleza, que será tão mais perceptível à "vista" desarmada quanto mais fiel se for à verdade interior. difícil?… (também) aliciante! (com certeza)




1 comentário:

Fátima Abreu disse...

Muito, muito interessante. Gostei muitíssimo dos seus escritos. Um grande abraço.