06 outubro, 2009

sede


chuva
e essa poeira lentíssima que vem com ela,
como um lençol invisível que cobre os ombros de todos
de triteza e de cinzento.

chuva
torrencial
de vazio e de desejo,
diluindo a visão e a memória.

terra
quente e muda de sede,
poros dilatados, e vales, rios e bocas
abertos ao céu, língua áspera de fome,
se mãos tivesse das nuvens beberia
sofregamente.