29 janeiro, 2010

Cinzas



Estes são os dias brancos
em que me esqueço
e o sal queima à nascença o teu desejo
filigrana de cinzas nos meus dedos.

Não era tarde
se viesses perder-me agora
e aos teus passos ruíssem as paredes
e o vento frio por dentro me habitasse.

Não era tarde, era a hora
tão esperada e por isso já esquecida,
de quem sempre espera
e nunca se demora.

Se tu soubesses (se o saber bastasse)
as nuvens que me enchem os pulmões
e que de respirar meu corpo amadurece
e cai desamparado nos umbrais.


04 janeiro, 2010

às vezes

às vezes faz-me falta ser conhecida.
para não ter que ser outra coisa qualquer senão ser.