eu gosto é de ilusões:
a realidade é um balde de água fria
que me acorda às quatro e meia, cinco e pico, seis e dia
com mais fome e menos fé.
enquanto o tempo se entre-tem, se entre-tece
e o silêncio me des-ilude, me entorpece,
vou ver se escrevo, vou ver se calo,
vou ver se esquece.
(porque eu não esqueço, eu não esqueço
eu só peco, faço, parto, volto errante,
fico só e só tropeço, corto horas e distâncias
com a finita (im)precisão de um talhante)
e afinal a longa espera é sempre em vão
e as palavras que eu te gasto
são só a minha maneira
de iludir a solidão.
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