com o início das aulas sinto que deixei de respirar: correria, trabalhos para fazer, artigos para ler, poucas horas de sono, leituras interrompidas, nenhum tempo para escrever, bons hábitos recém-adquiridos novamente perdidos... facilmente me desorganizo.
mas faz-me falta respirar. gosto mesmo deste ar frio, destas cores quentes de outono, desta dança das folhas pelo ar, desta vida que se transforma e se reduz ao essencial. quantas folhas teria eu de perder para me encontrar no essencial? com quantas máscaras enfrento os outonos e os invernos e os outros?
com tantas ideias, trabalhos, pré-ocupações, intenções, expectativas, quanto tempo sobra para simplesmente ser? quanto tempo sobra para me deixar surpreender? quanto tempo sobra para me deixar deslumbrar?
o que é que me deslumbrou hoje?
uma mensagem de agradecimento, um gesto, um toque (porque às vezes parece que nos esquecemos de tocar uns nos outros), gargalhadas de fim de tarde, uma música, as cores do kandinsky (outra vez).