24 abril, 2007

Sede




bebo a minha sede
da qualidade higroscópica do sal,
da claridade nuclear do sol,
da poeira interestelar do sul.






















Imagem: Nebulosa do Lago
Credit & Copyright: CFHT (Telescópio Canadá-Francia-Hawai), J. C. Cuillandre





(de)graus de uma cor



















fico extasiada com o verde!...
diferentes tons de verde,
diferentes (de)graus de luz...
quero este verde gravado no meu peito,
verde ácido, verde risco,
verde sonoro da primavera.
quero esta música de vento e pássaros,
este rumor ansioso de sonhos claros,
quero que o verde ventre da calma
rasgue os azuis raros e (trans)lúcidos da minha alma.
quero o verde antigo, verde mordido de maçãs e tílias,
verde sabor a horas vagas,
verde olhar (des)encantado,
verdes tristezas, verdes fados,
verdes pedidos, verdes (so)rrisos,
verdes abraços apertados,
verdes futuros encerrados
nas horas dos dias por vi(r)ver,
verdes desejos, verdes enredos,
verdes sentidos escondidos
nos caminhos por (per)correr.




18 abril, 2007

à janela

























à janela me esqueço de mim
e fico a ver o mundo passar.
respiro só às vezes e devagar
para não aumentar a concentração
de dióxido de carbono no ar...
à janela me esqueço de ti
e dos mundos e dos outros que te inventei.

fico assim grávida de imobilidade
atenta ou alheia à realidade
(ninguém vê, ninguêm sabe...)

à janela estendo, em silêncio,
rios de vozes das multidões interiores.
à janela me concentro e me disperso,
perco-me nos rostos e nas cores,
nas esquinas dos olhares e arredores...
à janela me transformo, me transfaço, me transcedo:
peça a peça, sangue e sede,
pedra a pedra, desejo e pele,
passo a passo, osso e dor.











Quadro: Person at the window by Salvador Dali




11 abril, 2007

escolhas























O caminho da felicidade é aquele em que somos fieis à verdade interior, aquele em que somos inteiros.
É mais importante ser íntegro do que agradar.






imagem retirada daqui