tantos dias sem escrever que chego a duvidar... saberei ainda juntar letra a letra o meu pensar? saberei ainda, que porta rima com horta e não com pomar? saberei ainda dizer-te, mesmo que agora já não queira dizer-te nada, queira apenas ficar calada sobre as cinzas do que podiamos ter sido, alguma coisa? qualquer coisa... porque o assunto nunca foi muito importante.
tento vislumbrar, em vão, um sentido, uma lógica nos acontecimentos, uma razão para os encontros e para os desencontros, e para as coincidências, mas cada vez mais tudo me parece caótico, quase brutal, todas as caras, todas as vozes, toda a irracionalidade dos sentimentos, toda a irreversibilidade do tempo que já foi.
terei aprendido alguma coisa ao longo do tempo? ou continuo a cometer os mesmos erros repetidamente com diferentes pessoas? só eu a mesma, eu sempre a mesma, sem poder viver fora de mim registando as emoções e os resultados sem chegar a conclusões algumas, sem chegar a desvendar quaisquer sentidos... será este dia diferente de ontem? este encontro diferente dos anteriores? ou será tudo a repetição do mesmo dia, do mesmo encontro, infinitamente repetido até que a vida encontre sozinha o seu próprio fim? serão todos sempre o mesmo tu? um tu inventado por mim que não existe em ninguém, mas que insisto em encontrar a toda a hora, em todos os lugares, em corpos diferentes, com gestos diferentes, que destilo, recistalizo e purifico até reconhecer neles os traços essenciais da minha invenção, falaciosos, como sempre, previsivelmente...
será assim a loucura: encontrar os vestígios da nossa própria invenção? deixar de ver as linhas que separam a realidade da imaginação? tive contigo conversas que nunca aconteceram. encontrei-te inúmeras vezes sem que tu lá estivesses. disse-te ao ouvido segredos que nunca me ouviste. queres vir cá desenhar-me na pele a linha racional que define a realidade?
e podia realmente continuar a escrever-te, como se existisses e eu soubesse o teu nome e até me cruzasse contigo nos corredores, mas o tempo não parou desde que comecei a escrever, e ninguém pode deter o curso dos acontecimentos, ninguém pode parar esta máquina em movimento, que coordena a engrenagem dos dias que passam e nos afastam de nós. as memórias começam já a ser soterradas pela areia das horas. a tua voz soa-me cada vez mais distante e os nossos passos marcam segundos nos relógios de outras casas, outras ruas, outras vidas, em direcção a um longe maior que os meus braços e os meus esforços, maior até que minha vontade.
há muito que te ia deixando partir, só faltava mesmo dizer-te adeus.
tento vislumbrar, em vão, um sentido, uma lógica nos acontecimentos, uma razão para os encontros e para os desencontros, e para as coincidências, mas cada vez mais tudo me parece caótico, quase brutal, todas as caras, todas as vozes, toda a irracionalidade dos sentimentos, toda a irreversibilidade do tempo que já foi.
terei aprendido alguma coisa ao longo do tempo? ou continuo a cometer os mesmos erros repetidamente com diferentes pessoas? só eu a mesma, eu sempre a mesma, sem poder viver fora de mim registando as emoções e os resultados sem chegar a conclusões algumas, sem chegar a desvendar quaisquer sentidos... será este dia diferente de ontem? este encontro diferente dos anteriores? ou será tudo a repetição do mesmo dia, do mesmo encontro, infinitamente repetido até que a vida encontre sozinha o seu próprio fim? serão todos sempre o mesmo tu? um tu inventado por mim que não existe em ninguém, mas que insisto em encontrar a toda a hora, em todos os lugares, em corpos diferentes, com gestos diferentes, que destilo, recistalizo e purifico até reconhecer neles os traços essenciais da minha invenção, falaciosos, como sempre, previsivelmente...
será assim a loucura: encontrar os vestígios da nossa própria invenção? deixar de ver as linhas que separam a realidade da imaginação? tive contigo conversas que nunca aconteceram. encontrei-te inúmeras vezes sem que tu lá estivesses. disse-te ao ouvido segredos que nunca me ouviste. queres vir cá desenhar-me na pele a linha racional que define a realidade?
e podia realmente continuar a escrever-te, como se existisses e eu soubesse o teu nome e até me cruzasse contigo nos corredores, mas o tempo não parou desde que comecei a escrever, e ninguém pode deter o curso dos acontecimentos, ninguém pode parar esta máquina em movimento, que coordena a engrenagem dos dias que passam e nos afastam de nós. as memórias começam já a ser soterradas pela areia das horas. a tua voz soa-me cada vez mais distante e os nossos passos marcam segundos nos relógios de outras casas, outras ruas, outras vidas, em direcção a um longe maior que os meus braços e os meus esforços, maior até que minha vontade.
há muito que te ia deixando partir, só faltava mesmo dizer-te adeus.
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