24 outubro, 2007

memórias de uma noite XP



há noites que são dias...
que acordam em nós
sonhos antigos, novos desejos,
o rumor longínquo do mar...
quem me conhece não me sabe mais,
porque nasci do silêncio
para o sol nascente.
há noites que acordam alvoradas dentro do peito
e lançam uma nova luz
sobre o mundo.
fazem ver mais claro,
ver com olhos de quem ama.
e só o amor transforma,
só o amor faz crescer de dentro para fora.
o mundo inteiro não chega,
rasgo horizontes de medo e insegurança
sigo a voz que me chama,
quero ser mais livre,
arrisco a certeza pela confiança
arrisco cair para poder voar.



13 outubro, 2007

límites




quantas vezes serei capaz de repetir? quantas vezes serei capaz de me humilhar? quanto tempo serei capaz de resistir? quantas vezes serei capaz de insistir? quantas vezes serei capaz de perdoar? quantas vezes serei capaz de perguntar? quanto tempo serei capaz de procurar? quantas vezes serei capaz de me calar? quantas vezes serei capaz de superar? quantas vezes serei capaz de voltar? quantas vezes serei capaz de partir?...


límites...


quais são os meus? quais serão os dos outros? haverá alguma outra forma de o saber para além desse testar contínuo, dia após dia, de vaga contra as rochas, de terra contra o vento? haverá outra forma que não a erosão contínua? haverá outra opção que não a de proteger esse frágil equilíbrio entre os meus límites e os de todos os outros?





imagem retirada daqui





01 outubro, 2007

o murmúrio insondável das ondas


sigo à deriva…
tantas vezes sem sentido,
sem direcção,
outras tantas sem leme,
sem lastro, ou sem razão.
sigo do vento o sabor,
o corpo de vela a prumo,
inerte, o espírito amiúde ausente…
ninguém me roube a viagem,
ninguém me domine o sentir,
ninguém me devolva à paisagem
de onde me viram partir.
quero ser outra, ser longe,
quero rasgar-me na ida…
não me esperem na partida,
se a viagem é a minha vida:
a meta pode ser indefinida,
mas à partida não vou voltar.