04 setembro, 2008

os dias do bandido


chegou ontem...




um livro, dois cds, 79 faixas, 10 anos, um homem, muitos convidados... uma obra.
o que é uma obra pode dizer do seu autor?
muito depende do que o autor nos deixa ver...





neste livro, neste album, nesta obra, Manel Cruz deixa a porta entreaberta e cada um encontra uma obra diferente, talvez. para além das letras está a escrita, para além das músicas estão os instrumentos e os sons, e a gravação em si, e a mistura... como quem segue as pistas de uma história indecifrável, seguem-se as páginas e as faixas desta obra, numa odisseia de instantes e sabores e humores... no limite só nos é dado a ver aquilo que o autor nos deixa ver. no limite só nos é dado a ver aquilo que somos. para aqueles que se reconhecem, para aqueles que procuram, para aqueles que se perdem, para aqueles que viajam com a mesma angústia por estes dias, por estes tempos, por estes sonhos. para esses é esta porta familiar, para esses é esta obra um princípio da explicação das insónias habituais. ou uma tentativa de explicação. para esses estas palavras estão debaixo da língua à espera de serem ditas. para esses estas músicas estão debaixo da pele à espera de serem sentidas. para os outros não sei.
se alguém se atreve a fazer um objecto assim, inclassificável no conteúdo e na forma porque pessoal, e pessoal também na construção, no tempo que demorou, se alguém se atreve... gostem ou não gostem, há coragem e há verdade. as duas já são raras e juntas ainda mais. e também há talento, neste caso.




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