27 maio, 2010

depois da tarde


palavras suspensas na garganta
por um fio invisível, rente à língua,
à míngua de água. fome.
palavras suspensas no ar
como frutos em queda entre o sonho e o chão,
Palavras suspensas no verbo
cair. [dizer, silenciar, mudar, partir]
palavras suspensas na vontade:
[medo] de te [ser]
palavras suspensas nas mentiras que tecemos.
viscosas. mãos. fundo.


24 maio, 2010

a tarde


a tua pele de sal.
a tua boca de mar.
o teu corpo de areia e de sol.


a tua boca de sal.
a tua boca de sal.
a tua boca de sal.


22 maio, 2010

leis da física



o calor dilata os corpos.


o calor dilata os dias...





16 maio, 2010

espera(r)


esperar irrita. esperar custa. às vezes até dói. às vezes parece inglório, um desperdício de tempo, parece sinónimo de estar parado... mas não é. esperar é respeitar o tempo dos outros. esperar é respeitar o nosso próprio tempo. esperar é respeitar o tempo da vida, que nem sempre coincide com o nosso. é um óptimo exercício para se descobrir o que se quer, porque os desejos não aguentam esperar e vão caindo de maduros (ou de verdes: há desejos que nunca chegam a amadurecer, nem o merecem) até sobrarem só os desejos que darão bons frutos, desejos construtivos que fazem parte do que se quer e não daquilo que apetece e que está sempre a mudar.

esperar é a capacidade dos que ainda são capazes de viver com esperança, dos que ainda são capazes de acreditar no mundo, nas pessoas, na beleza, na verdade, na justiça,...

esperar está para a acção como o silêncio para a música (ou para a palavra) e já se sabe que não há boa música sem silêncio.