04 janeiro, 2011

(des)existir


luz e sombra
angústia e sede:
a distância tece-te
em meus dedos.
já não sou livre,
já não sou perto,
sou a retórica dos teus medos,
sou a esperança esquecida,
sou a voz dos teus segredos,
sou a ausência da criança,
sou a manhã branca e mordida
pela pulga na balança.
sou as mãos do teu silêncio,
sou as noites que não dormes
e as insónias que não tens.
sou a palavra escondida
na tua página vazia,
sou a rotina que te azia.
sou o verbo que desistes,
sou o substantivo que não usas,
sou complemento directo a que resistes.
sou o cansaço que não dizes,
sou tua dor que não descansa,
sou o teu sonho por cumprir
por isso levanta-te e dança
que eu estou decidida,
vou ficar (estou perdida,
não tenho nada a perder).


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