às vezes acontece. alguém que passa e diz algo inesperado e ao qual não conseguimos ficar indiferentes. alguém que passa por um instante e não se detém: io guardo te. e sem porquê, as palavras repetem-se dentro de nós, dos sentidos à inteligência, da inteligência ao coração, à procura de um sentido. io guardo te. é com um olhar que tudo começa, embora pareça que nada acontece. eu olho para ti. tu olhas para mim. quantas vezes paramos para olhar com olhos de ver? quantas vezes nos deixamos olhar sem medos, nem máscaras?
[é engraçada a coincidência do guardo italiano com o guardo português. duas palavras iguais com significados aparentemente diferentes. há olhares superficiais que não guardam nada do que vêem... mas há olhares que se deixam tocar, que se comprometem, que guardam algo do que vêem, sem qualquer ilusão de o poderem conter ou deter. imagino que os pais também guardam os filhos dentro do olhar, mesmo quando perdem a ilusão de os poderem proteger.]