10 julho, 2008

(sem título)


um dia,
quando chegares,
reconhecer-te-ei pelas mãos.
não que as tuas mãos tenham algo de especial.
para todos os outros são umas mãos perfeitamente normais.
ninguém sabe, senão eu, que as tuas mãos já são minhas,
ninguém as conhece como eu que sempre as conheci.
não vou sequer dizer que as tuas mãos encaixam nas minhas
porque as minhas são pequenas e as tuas grandes demais:
nas tuas mãos cabe o tempo, a terra, o meu corpo inteiro,
nas tuas mãos beberei da chuva a primeira água das manhãs.
um dia,
quando chegares,
não vais saber quem sou eu,
só as tuas mãos reclamarão aquilo que já é teu.
sono leve, rente à pele, quem me vem adormecer?
no dia em que me tocares, saberás porque nasci.


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