não escrevo porque não tenho nada a dizer... ou porque não sei escrever, ou porque o tempo me pede contas de tudo o que não faço e de tudo o que faço e não devia fazer porque devia estar a fazer outra coisa qualquer (que provavelmente não me apetece fazer).
não escrevo porque tavez me encontre e talvez me diga o que não quero saber.
não escrevo porque me preocupo e pré-ocupar-me ocupa-me todo o tempo que eu poderia ter para escrever. preocupo-me com as aulas que correm menos bem e com as aulas que correm mesmo mal e com as aulas que correm mais ou menos. preocupo-me com os papéis que tenho que preencher e com os planos que tenho que fazer e com as decisões que se aproximam não como se eu as decidisse, mas como se elas se antecipassem e me cobrassem resposta: agora! preocupo-me, não, chateio-me, chateio-me com os livros que compro e que não consigo ler, ou porque nem começo ou porque me esqueço ou porque desisto de acabar. chateio-me se falo alto, se sou impaciente, se chego atrasada, se sou criticada, se não arranjo tempo para estar, se prefiro mentir a enfrentar, se prefiro fugir a parecer menor. chateio-me se não sei parar, se não sei agradecer, se não sei rezar, se não digo bom dia, se não me comprometo, se não sou útil quando podia ser, se não sou livre (tanto quanto podia ser).
chateio-me se me chateio comigo mesma demasiadas vezes sobre demasiadas coisas desnecessariamente.
(isto é nitidamente falta de sono)
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