era o sorriso
e nele a promessa indizível
de tudo o que havia por dizer,
nele o mundo inexplorado.
algures uma fonte no centro da tristeza
reflectia nuvens prateadas
que ficavam assim, suspensas no olhar,
ou no silêncio que afinal nos alcançaste.
mas eu não quis ouvir
e mergulhei.
sempre à espera de um mundo inteiro
que não veio
que não vem.
depois falamos:
o tempo sempre adiado.
agora já não sei se sinto algo para além desse instante.
encostei a face esquerda à parede franca e fria
e esperei a transferência de calor
(de sentimentos)
voltarei reconstruída,
imbuída de outras missões mais específicas e precisas,
calcular, passar, escrever, falar, ir, voltar, …
infinitamente repetíveis
sem ânsias de sentido.
então quando me disseres:
depois falamos
responderei,
ok.
(ko, ok, ko, ok, ko…)
e já nada haverá em mim que te reconheça
ou se lembre ainda de uma parede branca
(franca, branca, franca, branca…)
noutro tempo,
(noutra vida)
que talvez sinta falta
do que não se disse,
do que não disseste.
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