06 julho, 2006

num plano perpendicular ao chão


hoje faço anos...
hesitei.
entretanto apercebi-me que tenho muitas razões para festejar,
não necessariamente por fazer anos hoje,
mas por hoje ser o unico dia que posso festejar,
este dia, este momento, este agora,
com as pessoas que me partilham comigo estes dias,
estes momentos, estes agoras...
fazer memória...
sorrir face às contrariedades e continuar
e deixar de perguntar se os meus passos me levam na tua direcção
e continuar.
talvez às vezes partilhar um instante,
uma visão.
a lua está no céu já,
mas eu trago cinco penduradas ao pescoço,
uma por cada fase
e outra completamente desfasada
voar não é um momento de felicidade,
um copo de café instantaneo
instantaneamente pronto por agitação
é saber que a felicidade já cá está.
o caminho é o caminhar.
aprender a voar é também voar,
um voo rente ao chão
as asas feitas de pó,
o chão feito ar
é já adivinhar tudo o que ainda não sei dizer,
tudo o que não sei ver,
tudo o que ainda não sei ser
acreditando que o posso ser a partir daqui.
ou bastará talvez ser simplesmente aquilo que sou.
deixar crescer as asas
sem medo que mas descubram debaixo da almofada.
lançar âncoras às nuvens,
só as vezes acertar,
acordar de madrugada,
beber água-só das chuvas,
não desejar mais nada,
não desejar mais nada





com uma asa tocar o céu,
com a outra beijar o chão








fotografia de darren holmes aqui

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