28 junho, 2007

as árvores e os frutos


todos os dias decidimos coisas, pequenas coisas, se vamos pela esquerda ou pela direita, se almoçamos na cantina ou no bar, se convidamos um amigo para lanchar ou se nos deixamos conduzir pela inércia, se sorrimos à pessoa que nos atende ou se nos deixamos invadir pelo mau humor matinal...
mais de vez em quando decidimos coisas importantes, se escolhemos um curso, se mudamos de curso, se iniciamos uma relação, se mudamos de país, se mudamos de emprego, se mudamos de casa, se decidimos casar...
as primeiras podem ser mais ou menos instintivas, as segundas tendem a ser mais ponderadas... umas e outras afectam a nossa vida dali em diante de formas muito diferentes, de uma forma mais passageira ou mais definitiva, mas como saber se as decisões foram boas ou não...


dizia alguém sábio há muito tempo que as decisões se avaliam não pelos sentimentos momentâneos, mais superficiais, mas pelos frutos. assim, as boas decisões serão aquelas que nos abrirem o coração à vida e aos outros, que fizerem de nós melhores pessoas. podem ser decisões difíceis, que exigem superação, abnegação, talvez até sacrifício, mas trazem paz interior, e uma felicidade que às vezes não faz grande alarido, mas que nos atravessa, com a profundidade e a calma dos grandes rios. não deixamos nunca de sentir medo, mas abrem-se novas janelas dentro de nós. podemos não dizer nada, mas os outros sentem, na luz do olhar, na sensibilidade das palavras, na leveza dos pequenos gestos...


tudo está igual, mas tudo mudou...




















o verdadeiro amor não transforma só uma relação a dois, renova todas as nossas relações, porque não pode senão dar-se.






fotografia encontrada aqui


27 junho, 2007

mudar de vida

grande mudanças requerem geralmente grandes energias de activação:




A velocidade de uma reacção não depende da variação de energia entre reagentes e produtos, que até pode ser termodinamicamente favorável (quando os produtos tem menor energia que os reagentes...), mas da variação de energia entre os reagentes e o estado de transição de maior energia (ou seja o passo limitante da reacção). ao passo limitante corresponde portanto uma energia de activação... e é graças a ela que reacções termodinâmicamente espontâneas podem nunca ocorrer em tempo útil...

A grande maioria das reacções requer um catalisador para ocorrer...
eu diria que os processos de decisão não são muito diferentes de uma qualquer reacção química...
pois é, para mudar de vida também há muitas vezes um passo limitante com elevada energia de activação... que pode nunca ocorrer em tempo útil se não se encontrar o catalisador adequado...




imagem retirada d'aqui





Nota: o catalisador é uma espécie química que favorece a ocorrência da reacção por um outro caminho com menor energia de activação e portanto a maior velocidade.



26 junho, 2007

à espera de um reagente...


há quem espere por pessoas, por paz, por felicidade...
há quem espere que as coisas lhe aconteçam, de preferência só as boas, e não tenha coragem de arriscar fazer, de arriscar amar, de arriscar dar-se.
às vezes usamos como desculpa que nos falta um reagente: pode ser tempo, pode ser paciência ou vontade...
provavelmente o que falta mais vezes é liberdade. liberdade para sermos quem somos sem tentar sempre agradar, ser simplesmente. liberdade para deixarmos o outro ser e nao o tentarmos convencer a mudar, só porque seria tão mais fácil amar se o outro mudasse um bocadinho ali, um bocadinho acolá. liberdade para respeitar os tempos e os espaços do outro. liberdade para ceder, para perdoar, para compreender e aceitar.
é isso que quero desejar hoje. que sejamos todos um bocadinho mais livres.
e não estou a falar, claro, de liberdade para fazer o que nos apetece... que é mais... libertinagem.
o que desejo a todos é a conquista da liberdade interior.
e é uma conquista difícil parece-me... para demorar cerca de uma vida inteira.
















imagem daqui



22 junho, 2007

relativizar



rir, rir bem alto, rir se tropeço, ou se me apanho em flagrante a cometer o mesmo erro outra vez (como quando espero que os outros façam aquilo que eu gostaria que eles fizessem), rir das minhas falhas, e da minha falta de memória, rir na cara do desânimo que me quer fechar janelas no coração. rir da minha nuvem particular que chove só para mim quando estou triste. rir da irritação desproprositada e da cara altiva da teimosia e da tristeza exagerada...

rir, mas não ser leviana.
rir para relativizar certas coisas, mas estar atenta e não deixar passar valores e ideais para lado das coisas relativas, ou ficaria sem centro, sem nada a que me agarrar.
rir, mas não ser fútil, não desvalorizar o que é importante para os outros, não relativizar os seus valores, nem menosprezar as suas dores...
fronteiras tão ténues e tão fáceis de ultrapassar.






imagem encontrada aqui

18 junho, 2007

tempo


há dias em que parece que o tempo nos atropela
de tanto que corre desvairado em direcção ao futuro.
e passa, passa quase sem tocar, quase sem sentir,
só se ouve assim uma espécie de zumbido nos ouvidos,
ou é o vento que arrefece os sentidos...
ou então palavras apagadas pelas distâncias,
corações cerrados e mal-entendidos.

eu só quero silêncio.
não me façam perguntas
que não sei responder,
não me peçam razões
que não sei escrever.
eu só quero silêncio.
e parar
parar aqui um instante
enquanto tudo passa.
não quero sequer entender,
só respirar fundo e parar,
tudo o que dói e tudo o que ri,
tudo o que chega e tudo o que se parte,
cristalizar o momento numa fotografia interminável
e amanhã, talvez, recomeçar.



05 junho, 2007

nevoeiro




de manhã a sensação de que o dia já tinha começado há muito, talvez há muitas horas, talvez há muitos dias, como se as noites não existissem e o dia de hoje fosse o mesmo contínuo e interminável dia de todos os dias.





deve ser nevoeiro interno.







fotografia de Nuno Milheiro



04 junho, 2007

here comes the sun...

o sol está aí, se veio para ficar ou não... não sei, mas que importa?
sol é menos roupa, mais luz, mais optimismo,
mesmo sem esforço sentimo-nos melhor, mais leves...
é uma boa forma de começar a semana, com sol,
ao som da nina simone aqui




01 junho, 2007

+ Amigos do Gaspar

"há aqui um lapso inopinado na tabuleta"

Amigos do Gaspar

a recordar...

...bons tempos.