22 agosto, 2008

coisas com luz



coisas com luz. há dias em que precisamos de coisas com luz. faz-nos falta. há dias em que o cansaço parece maior, ou a esperança parece menor, e precisamos de ser iluminados por algo ou por alguém para recuperar qualquer coisa que parece que perdemos e não sabemos bem o que é. às vezes basta rir. rir de uma parvoíce qualquer. e tudo fica mais leve.


Vou criar uma nota para casos futuros:
não dar tanta importância às coisas
às coisas?
às coisas em geral


imagem daqui

20 agosto, 2008

Primeiros dias num call center


segunda, dia 1 = dores de cabeça, dores de cabeça, dores de cabeça, que dia é hoje? quando é que são 23h, dores de cabeça... noite mal dormida, sem conseguir desligar o cérebro, sem conseguir parar...

terça, dia 2 = são 23h, log off. não correu tão mal... consegui ter apetite para jantar, consegui dormir, sem dores de cabeça

quarta, dia 3 = ?


imagem daqui



18 agosto, 2008

olhares


devemos olhar para as coisas com um olhar claro. quanto mais penso, falo, experimento, mais me convenço disso. um olhar claro significa, primeiro, ver a verdade, não cair na tentação de querer ver o que não está lá, nem fechar os olhos àquilo que nos incomoda. não ser displicente, nem ser indiferente. um olhar claro também quer dizer, trazer luz para, iluminar aquilo que se olha, ver o positivo, ver o construtivo, e quem sabe até sonhar mais, melhorar. há pessoas capazes disto. não é só uma qualidade. é um exercício diário, alcançável, com mais ou menos esforço. é transmissível também, na medida em que a forma como olhamos e como falamos das coisas transmitem luz ou sombra aos outros.
fico a perguntar-me: e eu, o que andarei a transmitir aos outros? mais luz ou mais sombra?

17 agosto, 2008

Pormenores


estou sem telemóvel. uma coisa que antes não fazia falta nenhuma e que hoje em dia parece quase impensável. sabe-me bem. estou incontactável 90% do tempo. quase ninguém tem o meu número de casa. se alguém me tentar ligar ou me mandar uma mensagem só saberei com algumas horas ou mesmo dias de atraso. eu própria só posso marcar encontros à moda antiga. sem confirmações, sem toques, sem mensagens. é nostálgico. sabe-me bem. sabe-me a férias, embora não esteja de férias. mas é nas férias que marcamos assim, encontros informais, com aqueles que encontramos no caminho, com horas para chegar, sem horas para terminar...

16 agosto, 2008

Nota

as duas músicas foram postadas há muito, mas só apareceram agora. por isso há aqui dois ontens e nenhum deles é ontem. o ontem do herbie hancock foi dia 3 de agosto. o ontem do mário laginha foi dia 9 de agosto. estiveram ambos no Palácio de Cristal, em dois lugares diferentes do jardim. dois concertos muito diferentes. gostei mais do segundo. menos barulho, menos gente, mais intimista. soube-me melhor.

Mário Laginha Trio - Tanto Espaço

tocaram esta música ontem nos jardins do Palácio de Cristal (entre outras)...
é bom ouvir jazz sentada na relva, sentindo na pele o ar frio da noite enquanto a lua descia no céu por entre as folhas das árvores.
ao ouvir esta música é preciso respirar nos tempos certos: dentro de nós há tanto espaço, (entre nós) há tanto espaço...

Herbie Hancock Feat Corinne Bailey Rae - River


uma das músicas que ouvi ontem. mas esta versão da Corinne faz-me parar. há algo de infantil no sussurrar e tanto de cuidado e de contido na forma como canta. um equilíbrio frágil. parece que se pode partir a qualquer instante (é preciso ouvir com a mesma delicadeza)

09 agosto, 2008

com vista para o céu





há viagens que têm que ser feitas. viagens inevitáveis. ao fundo de nós. ao fundo dos outros. onde nos perdemos, às vezes, por muito tempo, até já não sabermos bem quem somos nem como voltar. viagens que doem. e fazem crescer.
há viagens que tenho que fazer. sozinha muitas delas. aparentemente. muitas vezes até para mim pareço parada, parece que a vida é que passa por mim, mas estou em viagem, constantemente. hoje já nada em ti me pode deter, já nada em mim te pode perder. posso parar, quando puder dizer: a minha paz está dentro de mim, a minha casa está dentro de ti.


fotografia do jardim
1 de maio de 2008



04 agosto, 2008

tempo II


e porque tinha tempo não parei.
fui ao cinema:



O cavaleiro das trevas


um filme onde o vilão brilha mais do que o herói...
um brilho estranho é certo, o raiar da loucura e da violência gratuita,
sem leis, sem limites, pelo puro prazer do caos...
assustador portanto.
a reflectir dos outros o lado mais frágil,
a alimentar-lhes as dúvidas e as limitações...
somos capazes de viver os nossos princípios até às últimas consequências?


imagem retirada daqui


fui ao teatro:



Platónov


4h dentro de uma sala, mas não senti o tempo passar.
uma peça sem heróis, o retrato de uma sociedade decadente.
um homem no centro da história
que se deixa arrastar na sua própria pele,
preso nas suas teias e nas suas relações...
pela inacção vai-se corrompendo e vai corrompendo tudo e todos.
porque ser livre implica fazer opções, Platónov, o homem, não se liberta nunca,
nem liberta ninguém.


imagem retirada daqui


fui a um concerto:



Herbie Hancock e convidados


alguns dos convidados iluminaram mais que o anfitrião.
ouvir jazz no meio de uma multidão,
não é coisa que procure muito, aconteceu.
felizmente quando fecho os olhos
estou sozinha
estou só a ouvir com o corpo inteiro,
e ouvir é não pensar.


imagem retirada daqui


tempo I




depois de um ano a escrever a tese, as provas duraram 1h,30... parece curto. (há peças de teatro mais longas). correu bem (falta-me aprender francês para ser a donzela perfeita). desde então ainda não parei, mas no fim de semana reparei que o tempo é todo meu... estranhei, mas sou capaz de me habituar.