27 novembro, 2009
dentro desse instante quase,
dentro do desejo à solta
prestes a gritar.
não sou quem esperas,
vai-te embora, vai à volta,
não sou quem me demoras.
um segundo.
é o tempo que tenho para te perder.
é o tempo de te respirar por dentro.
é o tempo de uma porta a bater.
é o tempo de cair na armadilha,
tenho frio, tenho chuva, tenho medo.
é o barulho de um carro a bater de frente.
é uma parede branca ao relento.
é um semáforo intermitente.
06 outubro, 2009
sede
chuva
e essa poeira lentíssima que vem com ela,
como um lençol invisível que cobre os ombros de todos
de triteza e de cinzento.
chuva
torrencial
de vazio e de desejo,
diluindo a visão e a memória.
terra
quente e muda de sede,
poros dilatados, e vales, rios e bocas
abertos ao céu, língua áspera de fome,
se mãos tivesse das nuvens beberia
sofregamente.
29 setembro, 2009
10 setembro, 2009
regresso
um encontro tantas vezes adiado,
o silêncio.
entre todas as vozes a tua,
para todas as perguntas: liberdade.
04 setembro, 2009
antes de sair
a todo o momento acontecem coisas que não se conseguem controlar, a vida acontece e é imprevisível e inesperada, angustiante e irrelevante na medida em que não há nada a fazer a não ser continuar.
ou então aproveitar um fim-de-semana fora e parar. arrefecer o pensamento, deixar correr cá fora o que está dentro, deixar passar por dentro o tempo lento de estar fora do sítio, fora de casa, fora do tempo, como se houvesse, às vezes, um tempo fora do tempo. onde me sinta em casa. um tempo, fora do tempo, fora de casa, onde me sinta em casa.
14 julho, 2009
ser(á) outro
dedilho nos meus dedos
a tua (im)paciência.
aspiro à integridade como a um balão de ar quente
que já partiu e que vejo sempre ao longe,
um ponto minúsculo no horizonte.
dedilho nos meus dedos
a noite e a verdade.
consagro inúteis o desejo e a vontade.
substraio o resto ao produto do divisor pelo quociente
e deito fora o excesso de dividendo.
sobra a verdade que ninguém quer, só eu,
que não me serve de tão pequena e vã,
mas emagreço só para lhe servir
e de todos me afasto e me despeço.
16 junho, 2009
sono
sonâmbula a noite
nos meus dedos.
dedilho as horas
na tua pele, pêlos,
ossos fundos no sono
que respiras,
longínquo.
27 maio, 2009
Sara Tavares - Ponto de Luz
ouve-se bem nestes dias...
ouve-se bem todos os dias.
faz sempre falta mais um ponto de luz.
26 maio, 2009
re(in)spiração
confissões
29 abril, 2009
Fortaleza
Há portas através das quais nos dividimos, e outras que nos deixam mais inteiros.
Esta foi a primeira porta que atravessamos na Peregrinação dos centros. Da qual voltamos sozinhos, mas unidos a todos os que lá estiveram por um mesmo ideal. E de repente já não estamos tão sozinhos como quando partimos.
27 março, 2009
Férias
Todos ansiosos por ficarem de férias da escola e uns dos outros, porque no fundo, no fundo, gostamos muito uns dos outros, mas chega um dia em que já não nos podemos ver à frente e precisamos todos (professores e alunos) de férias uns dos outros para respirar e recomeçar com nova energia.
Balanço final: tudo o que é bom dá muito trabalho, cansa, ocupa tempo e espaço mental (mesmo quando se está fora da escola)... mas quando é bom (quando se gosta), é mesmo muito bom.
06 fevereiro, 2009
Histórias do Sul
29 janeiro, 2009
mundo, liberdade e agricultura
(Não tirei fotografias antes e depois, ou seja, esta imagem não é do meu bonsai...)
A questão é: não sei como podar um bonsai. Deduzi que devia tentar orientar o crescimento dos ramos preservando uma imagem global que me parecesse natural. Não sei se o que fiz está bem ou se está mal, mas se a árvore morrer entretanto acho que vou ter a minha resposta. Se ela sobreviver fico na mesma: não sei se foi porque eu podei bem, ou se foi o bonsai que resistiu à agressão por teimosia. (uma coisa é certa, o bonsai está a durar mais tempo do que todos os peixes que me ofereceram antes dele)
Segundo me lembro do que já li, os ramos do bonsai não devem cruzar-se uns com os outros, devem ter espaço para crescer de forma confortável. Depois há aquela questão do tronco fazer um S... mas isso está nitidamente fora do meu alcance!
É difícil cortar ramos, nunca sabemos se estamos a fazer a opção certa; é didícil cortar com o supérfluo e deixar só o que é essencial, embora depois de cortar pareça óbvio que viver com menos nos dá mais liberdade de movimento e até de pensamento. É difícil dizer não, quando se é constantemente bombardeado com opções, necessidades, imposições. É difícil resistir e manter a velocidade escolhida quando a toda a volta o mundo se movimenta ao dobro da velocidade, incitando ao passar: faz mais isto e mais aquilo, olha esta oportunidade, vira ali, corre acolá.
[imagem daqui]
23 janeiro, 2009
outros blogs
seth's blog
David Fonseca - Song to the Siren / Who Are U? - Sudoeste 08
Eu não estive no Sudoeste, estive ontem no Coliseu do Porto e foi muito bom!!! Aqui ficam 3 videos do Sudoeste para lembrar a noite de ontem e para aqueles que não tem visto o que o litle david boy anda a fazer :-)
das palavras e dos actos
21 janeiro, 2009
Senhora do Almurtão
Faz lembrar outros tempos... os bons velhos tempos (que afinal não foram assim há tanto tempo). Um dia destes ensino esta aos míudos...
as aulas
Introdução à flauta de bisel...
muito motivador para os alunos, difícil para quem os ouve...
09 janeiro, 2009
a neve improvável
Já não me lembrava de ver nevar, mas hoje vi. Saí com os míudos da sala e viemos para o recreio ver. A maior parte nunca tinha visto nevar por isso o entusiasmo foi geral.
- Professora, parece que é Natal!
Porque os postais de Natal tem uma neve que nunca vemos cá. Hoje estivemos todos no recreio, dentro de um desses postais de Natal.