20 dezembro, 2007

Do you feel loved?





há quem diga que sentir-se amado é mais determinante do que amar...






É isso o Natal











a imagem de um amor incondicional



10 dezembro, 2007

ainda não estou aqui


ervil adeuq me ounitnoc
...uotse edno meb ies oãn àj sezev sá
oãhc oa ogehc siam acnun


rarap
rarap sanepa essedup
rimrod


opmet o rarap
ãhnama raçemocer
ritsixe oãn ejoh
ãhnama
sosso son oçasnac etse mes ãhnhama


iuqa uotse oãn adnia
ue uos oãn atse
oxelfer uem o sanepa è
ojev ue meuq è
.ohlepse oa ojev em odnauq






21 novembro, 2007

não estou aqui




estou longe


estou ausente


estou em trânsito


estou em orbita


estou sem tempo

estou a prumo



estou em queda rumo às propriedades dos filmes de polielectrólitos, os ajustes dos espectros de impedância electroquímica e o modelo dos caminhos preferênciais... resumindo:









imagem retirada daqui


08 novembro, 2007

o mar

a música é uma arte particular... entranha-se na pele, afunda-se na memória e quando volta traz com ela a luz dos dias que passaram, a força dos sentimentos adormecidos. entre o presente e a memória, que realidades não inventamos, suspensas na imaginação e na lenta respiração dos dias que já não são. às vezes será talvez capaz de despertar em nós desejos tão profundos que não nos atrevemos a formular, mas estão lá, latentes em cada passo, em cada batimento cardíado, em cada segundo de vida desperdiçado a fazer menos do que aquilo que nos faria realmente felizes. é um mistério... tanto a forma como estes desejos acordam em nós, como a relutância que temos em procurar o verdadeiro sentido, em responder ao verdadeiro desejo que clama por nós do fundo de nós, do fundo dos outros, de uma música, ou da música do silêncio. quem fala em mim que eu não quis ouvir? quem fala em mim que não quero calar? quem me fala de ti no fundo de mim? quem me abre janelas no olhar para o fundo do mar? abre os sentidos para o amanhecer, não te deixes adormecer esta noite e vem comigo, vou mostrar-te o mar...




"foi por ti
que um dia eu fui p'ra além da praia,
descobri em ti
um mar que eu nem sabia haver"




e por falar em música, não me podia esquecer de recomendar o musical que estamos a preparar há tanto tempo e que vai estrear no dia 19 de novembro (2.ª récita no dia 25). é assim, demora muito a preparar e depois passa num instante. intitula-se Pirilampo e os deveres da escola. tragam os mais novos que vão gostar, e venham sonhar connosco ao som da música do João Loio.

mais informações aqui.




24 outubro, 2007

memórias de uma noite XP



há noites que são dias...
que acordam em nós
sonhos antigos, novos desejos,
o rumor longínquo do mar...
quem me conhece não me sabe mais,
porque nasci do silêncio
para o sol nascente.
há noites que acordam alvoradas dentro do peito
e lançam uma nova luz
sobre o mundo.
fazem ver mais claro,
ver com olhos de quem ama.
e só o amor transforma,
só o amor faz crescer de dentro para fora.
o mundo inteiro não chega,
rasgo horizontes de medo e insegurança
sigo a voz que me chama,
quero ser mais livre,
arrisco a certeza pela confiança
arrisco cair para poder voar.



13 outubro, 2007

límites




quantas vezes serei capaz de repetir? quantas vezes serei capaz de me humilhar? quanto tempo serei capaz de resistir? quantas vezes serei capaz de insistir? quantas vezes serei capaz de perdoar? quantas vezes serei capaz de perguntar? quanto tempo serei capaz de procurar? quantas vezes serei capaz de me calar? quantas vezes serei capaz de superar? quantas vezes serei capaz de voltar? quantas vezes serei capaz de partir?...


límites...


quais são os meus? quais serão os dos outros? haverá alguma outra forma de o saber para além desse testar contínuo, dia após dia, de vaga contra as rochas, de terra contra o vento? haverá outra forma que não a erosão contínua? haverá outra opção que não a de proteger esse frágil equilíbrio entre os meus límites e os de todos os outros?





imagem retirada daqui





01 outubro, 2007

o murmúrio insondável das ondas


sigo à deriva…
tantas vezes sem sentido,
sem direcção,
outras tantas sem leme,
sem lastro, ou sem razão.
sigo do vento o sabor,
o corpo de vela a prumo,
inerte, o espírito amiúde ausente…
ninguém me roube a viagem,
ninguém me domine o sentir,
ninguém me devolva à paisagem
de onde me viram partir.
quero ser outra, ser longe,
quero rasgar-me na ida…
não me esperem na partida,
se a viagem é a minha vida:
a meta pode ser indefinida,
mas à partida não vou voltar.


27 setembro, 2007

outra vez o tempo



a tua ausência em mim é já muito grande...

engoliu o muito que tinha para te dizer e encheu-me de silêncio.




fotografia daqui

10 setembro, 2007

passo a passo




o tempo atravessa-nos, passo a passo, com pezinhos de lã, escreve-nos histórias na alma devagar com letra cuidada e tinta invisível, a não ser, talvez, as vezes no olhar e no coração... onde usa uma ou outra sombra de diferentes cores e intensidades. será que mudamos muito? será que somos, no fundo, sempre iguais?
o tempo passa para nos levar ou para nos unir, mas não deixa de ser um mistério, a forma como uns ficam e outros partem.
não deixa de ser um mistério que 7 anos depois as mesmas pessoas se encontrem e se sintam realmente em casa... porque a casa não é só o lugar físico onde moramos (até porque muitos destes lugares não sabem a casa), mas uma forma de estar, uma forma de estar mais fiel e mais autêntica, uma forma de estar mais próxima daquilo que realmente somos.
será que isto acontece porque estamos todos mais velhos e despreocupados com as aparências? será que acontece porque fomos crescendo juntos e encaixando as semelhanças e as diferenças de todos e de cada um? será que acontece porque de repente percebemos que o tempo passou e procuramos o que ficou de essencial e importante?
talvez as perguntas sejam pura retórica, sejam só a manifestação da surpresa feliz de um presente onde o tempo não construiu barreiras entre nós ao abrigo das distâncias.
nunca seremos capazes de um amor completamente desinteressado. não podemos negar que somos pelo menos um bocadinho egoistas quando desejamos e procuramos a felicidade dos amigos porque isso nos faz sentir muito felizes. Mesmo assim, o amor entre os amigos não deixa de ser um pequeno milagre! Se abraçado com liberdade pode ser um lugar onde somos casa e nos sentimos em casa.







fotografia do sítio do costume






28 agosto, 2007

Parar...



"Mon representa e significa uma porta. Se colocarmos debaixo da porta o signo do Sol, converte-se em Ma: espaço, umbral, margem, vão, vazio, intervalo, entre, pausa.
Chamamos cultura da pausa à tradição oriental de dar importância aos silêncios na conversação, às margens na pintura, aos vãos livres na arquitectura, ao não dito na mensagem e à receptividade na contemplação."



em A Sabedoria do Oriente - do sofrimento à felicidade
de Juan Masiá






Precisamos de pausas. vários tipos de pausas. pausas de instantes ao longo do dia, como que para respirar fundo e continuar. pausas de períodos curtos de tempo, para nos dedicarmos a algo diferente, um passatempo, uma actividade desportiva, um momento de leitura, ou até de contemplação num jardim, em frente ao mar, ou na varanda lá de casa, algumas vezes por semana, ou até, se possível, uma vez por dia. pausas de vários dias, ou algumas semanas, que normalmente designamos por férias, para sair da correria do dia a dia e descansar (embora nem sempre consigamos descomplicar de tão habituados que estamos já a estar sempre ocupados a fazer alguma coisa). pausas ao longo da vida, momentos de paragem antes de uma decisão importante. esse espaço entre. espaço de silêncio e de decisões. espaço depois de e antes de. importa dar valor a esse tempo. esse momento presente, com mais ou menos angústia, com mais ou menos duração, com mais ou menos peso na nossa vida futura. muitas vezes nem temos consciência da importância e das consequências de uma decisão. mas é hoje que ela se constrói e nos transforma.
todas as pausas são importantes. preciso tanto de parar para decidir, como de parar para respirar. felizmente nestas férias consegui um pouco das duas.
é importante parar... nem que seja...






... à velocidade da luz







fotografia do sítio do costume




09 agosto, 2007

Orgulho







É bom termos consciência do nosso valor pessoal, e todos o temos, independentemente dos dons e dos defeitos que nos calharam em sorte, da função que desempenhamos, ou das circunstâncias em que nos encontramos. Essa consciência é a âncora necessária para não andarmos ao sabor da maré e a nosso estado de espírito não depender das opiniões dos outros sobre nós (embora não possamos viver sem as opiniões dos outros, e algumas delas nos devam merecer grande atenção, pois iluminam cantos que a nossa auto-correcção não vê).

É bom sermos capazes de reconhecer as nossas fraquezas (torna-nos capazes de assumir as nossas culpas e também de perdoarmos as dos outros) sem cairmos na tentação da falsa humildade e da auto-condescendência.

E aqui entra em campo uma personagem que se chama orgulho que pode confundir um bocado as coisas. Pode levar-nos a considerar que ter consciência do nosso valor pessoal é estarmos acima das críticas, que qualquer crítica é um ataque pessoal e uma tentativa de nos retirar o lugar ou o respeito a que temos direito. O orgulho alimenta aquela postura do: dar-se sem se rebaixar, na qual podem cair ambos: os que se merecem muito respeito, e os que apesar de mostrarem aparência humilde na verdade se sentem silenciosamente injustiçados por não lhes ser reconhecido o seu devido valor.


É preciso encontrar portanto uma referência para lidar com estas interacções tão complexas... e a mim parece-me que a melhor referência é a verdade. Ou seja, é bom sermos firmes. E é bom sermos frágeis. É bom sabermos o nosso valor. E é bom não lhe darmos demasiada importância.
A diferença entre escolher o orgulho ou a verdade é como a diferença entre fazer benzinho e fazer o melhor. Importa não ceder nos princípios, mas ceder às pessoas; não sermos coitadinhos, mas sermos capazes de sacrificar um posição segura, para poder chegar mais perto. Ninguém ama sem descer. Só quando a posição relativa que ocupamos em relação ao outro deixar de ser mais importante que o outro é que o nosso valor será realmente inabalável, porque já não teremos medo de o perder.


aceitar perder para ficar a ganhar...
dá que pensar, não dá?






imagem encontrada aqui



08 agosto, 2007

pequenas coisas, grandes esperanças


as atitudes de alguém próximo podem ser, às vezes, quase incompreensíveis, e não haver palavras, ou esforços que clarifiquem a situação, nem tentativas de diálogo que não resultem frustradas. geralmente a dimensão do problema tende a ser tão pequena que torna a situação em si ainda mais cansativa. só o não diálogo pode ser a causa do aumento da esperança de vida das coisas pequenas.

é para mim penoso, sentir o tempo passar sem que a verdade das coisas nos ilumine. é me difícil aceitar que algo que me pareça claro, resulte tão difícil de esclarecer. às vezes desejos subreptícios de invasão invadem-me: vou lá bater a tua porta até que abras e discutas comigo, ou vou ligar até me atenderes, mas a razão diz-me que devemos respeitar os tempos dos outros, e por isso não reclamo, não discuto, não invado... mostro-me apenas disponível, e espero... ainda que o tempo pareça demorar a passar, ainda que o tempo pareça esgotar-se a cada dia que passa, ainda que não consiga não pensar, ainda que não consiga não sofrer.

não cedo à resignação, mas à esperança. a esperança é a qualidade dos que esperam desejando o bem. a esperança tem na paciência uma aliada e firma as suas raízes na disponibilidade para aceitar. a esperança habita o coração daqueles que se deixam encontrar e torna o difícil mais fácil de suportar.























imagem retirada daqui




07 agosto, 2007

Intentions


we all have good and evil inside,
that doesn't make us good or bad persons though,
it's the choices we make,
the risks we take,
the part we choose to act upon
that defines who we are.
it seems simple,
but simple it is not.
we can still hurt trying to do some good,
we can still help although our intentions were bad:
this equation has too many variables,
and can evolve in unpredictable ways.
we can only try to get it right,
certain that we're going to fail too many times along the way...
we'll just have to keep trying...
keep trying, and failing, and guessing, and wishing,
and dreaming, and loving, and hurting...
keep trying, though hurt, though tired, though weak,
keep trying.


19 julho, 2007

Elisa - Eppure Sentire (Un Senso di Te)

porquê?...
... porque sim.

notas em contratempo

tantos dias sem escrever que chego a duvidar... saberei ainda juntar letra a letra o meu pensar? saberei ainda, que porta rima com horta e não com pomar? saberei ainda dizer-te, mesmo que agora já não queira dizer-te nada, queira apenas ficar calada sobre as cinzas do que podiamos ter sido, alguma coisa? qualquer coisa... porque o assunto nunca foi muito importante.

tento vislumbrar, em vão, um sentido, uma lógica nos acontecimentos, uma razão para os encontros e para os desencontros, e para as coincidências, mas cada vez mais tudo me parece caótico, quase brutal, todas as caras, todas as vozes, toda a irracionalidade dos sentimentos, toda a irreversibilidade do tempo que já foi.

terei aprendido alguma coisa ao longo do tempo? ou continuo a cometer os mesmos erros repetidamente com diferentes pessoas? só eu a mesma, eu sempre a mesma, sem poder viver fora de mim registando as emoções e os resultados sem chegar a conclusões algumas, sem chegar a desvendar quaisquer sentidos... será este dia diferente de ontem? este encontro diferente dos anteriores? ou será tudo a repetição do mesmo dia, do mesmo encontro, infinitamente repetido até que a vida encontre sozinha o seu próprio fim? serão todos sempre o mesmo tu? um tu inventado por mim que não existe em ninguém, mas que insisto em encontrar a toda a hora, em todos os lugares, em corpos diferentes, com gestos diferentes, que destilo, recistalizo e purifico até reconhecer neles os traços essenciais da minha invenção, falaciosos, como sempre, previsivelmente...

será assim a loucura: encontrar os vestígios da nossa própria invenção? deixar de ver as linhas que separam a realidade da imaginação? tive contigo conversas que nunca aconteceram. encontrei-te inúmeras vezes sem que tu lá estivesses. disse-te ao ouvido segredos que nunca me ouviste. queres vir cá desenhar-me na pele a linha racional que define a realidade?

e podia realmente continuar a escrever-te, como se existisses e eu soubesse o teu nome e até me cruzasse contigo nos corredores, mas o tempo não parou desde que comecei a escrever, e ninguém pode deter o curso dos acontecimentos, ninguém pode parar esta máquina em movimento, que coordena a engrenagem dos dias que passam e nos afastam de nós. as memórias começam já a ser soterradas pela areia das horas. a tua voz soa-me cada vez mais distante e os nossos passos marcam segundos nos relógios de outras casas, outras ruas, outras vidas, em direcção a um longe maior que os meus braços e os meus esforços, maior até que minha vontade.

há muito que te ia deixando partir, só faltava mesmo dizer-te adeus.


28 junho, 2007

as árvores e os frutos


todos os dias decidimos coisas, pequenas coisas, se vamos pela esquerda ou pela direita, se almoçamos na cantina ou no bar, se convidamos um amigo para lanchar ou se nos deixamos conduzir pela inércia, se sorrimos à pessoa que nos atende ou se nos deixamos invadir pelo mau humor matinal...
mais de vez em quando decidimos coisas importantes, se escolhemos um curso, se mudamos de curso, se iniciamos uma relação, se mudamos de país, se mudamos de emprego, se mudamos de casa, se decidimos casar...
as primeiras podem ser mais ou menos instintivas, as segundas tendem a ser mais ponderadas... umas e outras afectam a nossa vida dali em diante de formas muito diferentes, de uma forma mais passageira ou mais definitiva, mas como saber se as decisões foram boas ou não...


dizia alguém sábio há muito tempo que as decisões se avaliam não pelos sentimentos momentâneos, mais superficiais, mas pelos frutos. assim, as boas decisões serão aquelas que nos abrirem o coração à vida e aos outros, que fizerem de nós melhores pessoas. podem ser decisões difíceis, que exigem superação, abnegação, talvez até sacrifício, mas trazem paz interior, e uma felicidade que às vezes não faz grande alarido, mas que nos atravessa, com a profundidade e a calma dos grandes rios. não deixamos nunca de sentir medo, mas abrem-se novas janelas dentro de nós. podemos não dizer nada, mas os outros sentem, na luz do olhar, na sensibilidade das palavras, na leveza dos pequenos gestos...


tudo está igual, mas tudo mudou...




















o verdadeiro amor não transforma só uma relação a dois, renova todas as nossas relações, porque não pode senão dar-se.






fotografia encontrada aqui


27 junho, 2007

mudar de vida

grande mudanças requerem geralmente grandes energias de activação:




A velocidade de uma reacção não depende da variação de energia entre reagentes e produtos, que até pode ser termodinamicamente favorável (quando os produtos tem menor energia que os reagentes...), mas da variação de energia entre os reagentes e o estado de transição de maior energia (ou seja o passo limitante da reacção). ao passo limitante corresponde portanto uma energia de activação... e é graças a ela que reacções termodinâmicamente espontâneas podem nunca ocorrer em tempo útil...

A grande maioria das reacções requer um catalisador para ocorrer...
eu diria que os processos de decisão não são muito diferentes de uma qualquer reacção química...
pois é, para mudar de vida também há muitas vezes um passo limitante com elevada energia de activação... que pode nunca ocorrer em tempo útil se não se encontrar o catalisador adequado...




imagem retirada d'aqui





Nota: o catalisador é uma espécie química que favorece a ocorrência da reacção por um outro caminho com menor energia de activação e portanto a maior velocidade.



26 junho, 2007

à espera de um reagente...


há quem espere por pessoas, por paz, por felicidade...
há quem espere que as coisas lhe aconteçam, de preferência só as boas, e não tenha coragem de arriscar fazer, de arriscar amar, de arriscar dar-se.
às vezes usamos como desculpa que nos falta um reagente: pode ser tempo, pode ser paciência ou vontade...
provavelmente o que falta mais vezes é liberdade. liberdade para sermos quem somos sem tentar sempre agradar, ser simplesmente. liberdade para deixarmos o outro ser e nao o tentarmos convencer a mudar, só porque seria tão mais fácil amar se o outro mudasse um bocadinho ali, um bocadinho acolá. liberdade para respeitar os tempos e os espaços do outro. liberdade para ceder, para perdoar, para compreender e aceitar.
é isso que quero desejar hoje. que sejamos todos um bocadinho mais livres.
e não estou a falar, claro, de liberdade para fazer o que nos apetece... que é mais... libertinagem.
o que desejo a todos é a conquista da liberdade interior.
e é uma conquista difícil parece-me... para demorar cerca de uma vida inteira.
















imagem daqui



22 junho, 2007

relativizar



rir, rir bem alto, rir se tropeço, ou se me apanho em flagrante a cometer o mesmo erro outra vez (como quando espero que os outros façam aquilo que eu gostaria que eles fizessem), rir das minhas falhas, e da minha falta de memória, rir na cara do desânimo que me quer fechar janelas no coração. rir da minha nuvem particular que chove só para mim quando estou triste. rir da irritação desproprositada e da cara altiva da teimosia e da tristeza exagerada...

rir, mas não ser leviana.
rir para relativizar certas coisas, mas estar atenta e não deixar passar valores e ideais para lado das coisas relativas, ou ficaria sem centro, sem nada a que me agarrar.
rir, mas não ser fútil, não desvalorizar o que é importante para os outros, não relativizar os seus valores, nem menosprezar as suas dores...
fronteiras tão ténues e tão fáceis de ultrapassar.






imagem encontrada aqui

18 junho, 2007

tempo


há dias em que parece que o tempo nos atropela
de tanto que corre desvairado em direcção ao futuro.
e passa, passa quase sem tocar, quase sem sentir,
só se ouve assim uma espécie de zumbido nos ouvidos,
ou é o vento que arrefece os sentidos...
ou então palavras apagadas pelas distâncias,
corações cerrados e mal-entendidos.

eu só quero silêncio.
não me façam perguntas
que não sei responder,
não me peçam razões
que não sei escrever.
eu só quero silêncio.
e parar
parar aqui um instante
enquanto tudo passa.
não quero sequer entender,
só respirar fundo e parar,
tudo o que dói e tudo o que ri,
tudo o que chega e tudo o que se parte,
cristalizar o momento numa fotografia interminável
e amanhã, talvez, recomeçar.



05 junho, 2007

nevoeiro




de manhã a sensação de que o dia já tinha começado há muito, talvez há muitas horas, talvez há muitos dias, como se as noites não existissem e o dia de hoje fosse o mesmo contínuo e interminável dia de todos os dias.





deve ser nevoeiro interno.







fotografia de Nuno Milheiro



04 junho, 2007

here comes the sun...

o sol está aí, se veio para ficar ou não... não sei, mas que importa?
sol é menos roupa, mais luz, mais optimismo,
mesmo sem esforço sentimo-nos melhor, mais leves...
é uma boa forma de começar a semana, com sol,
ao som da nina simone aqui




01 junho, 2007

+ Amigos do Gaspar

"há aqui um lapso inopinado na tabuleta"

Amigos do Gaspar

a recordar...

...bons tempos.

31 maio, 2007

o desejo


se realmente conseguisse ler no coração
o meu desejo mais profundo
(aquele que nem eu sei)
então a minha vontade seria igual à tua,
e a fidelidade ao essencial
e a nada mais do que isso
me libertaria.

à procura desse desejo podia correr o mundo,
perder caminhos,
perguntar aos sábios,
e aos artistas,
ler todos os livros, jornais, revistas,
fazer experiências,
analisar hipóteses,
destilar pensamentos,
recolher elementos no seu estado mais puro,
deduzir fórmulas,
fazer cálculos,
reduzir os desejos aos mínimos múltiplos comuns,
maximizar rendimentos e eficiências,
efectuar simulações teóricas,
desprezar erros sistemáticos
corrigir erros fortuitos,
aplicar tratamentos estatísticos...
























...
ou então, podia simplesmente parar.




29 maio, 2007

momento


alturas houve em que tentei adiar-te para um futuro indefinido: daqui a um ano, daqui a dois, quando acabar o curso, quando acabar o mestrado, quando tiver tempo para parar,...
alturas houve em que quis ter a certeza, ou então que tudo se decidisse por si só e eu não precisasse de escolher, assumir, e enfrentar todas as consequências de uma possível escolha...
houve alturas em que quis escolher-te, mas não tive coragem para agir, nem liberdade para me entregar, nem disponibilidade para estar...

hoje só quero estar exactamente aqui, neste momento antes de, mas a caminho de...
qualquer coisa que não sei, mas que acredito que será o melhor.
hoje só quero estar.
respiro-te fundo e desejo ficar aqui e perguntar:
que sonhos tens sonhado tu comigo?

será que eu me atrevo a sonhar contigo?

















ao som de dreaming my dreams aqui


"I'll be dreaming my dreams with you
I'll be dreaming my dreams with you
And there's no other place
that I'd lay down my face
I'll be dreaming my dreams with you"





fotografia encontrada aqui


25 maio, 2007

o presente


no teu olhar vejo o mundo
de todas as dores, de todas as cores,
de indecifráveis segredos,
de sentimentos revelados,
de destinos desejados,
de subentendidos sentidos.
no teu olhar vejo o céu
e o mar e tudo o que tu vês,
e o que tu sabes, mas não se vê...
e às vezes até o que tu não queres que se veja:
no teu olhar
as mentiras que me contas
e as verdades que me escondes.



no teu olhar o futuro
transformando-se em presente a cada instante,
(e que presente o futuro é...)











fotografia daqui



o segredo


eu que me comovo a toda a hora,
com os passos de cada um
e o rosto de toda a gente,
disfarço o meu coração:
pedra por fora, fonte por dentro
e alimento secretamente
esta forma de ser dissonante
da corrente indiferente da multidão.

quem passa ficará aquém,
na hesitação verá indiferença,
no sorriso ironia ou desdém...
quem pára talvez repare
no lento lamento que as fontes cantam
na ânsia de encontro que os passos traçam
na compreensão que os sorrisos calam.

eu que me comovo a toda a hora,
com o rosto de cada um
e os passos de toda a gente.



















fotografia daqui



16 maio, 2007

o reino






















acredito na felicidade de viver um dia de cada vez,
e no valor das pequenas coisas.
acredito na amizade,
no amor gratuito,
na beleza interior.
acredito na paz.
acredito na liberdade interior.


acredito que vale a pena olhar para o futuro com esperança,
e que é possível optimizar (n)o presente.
acredito que no silêncio se dizem muitas coisas, e se ouve muito melhor.
acredito que melhor é possível, acredito que é possível mudar.
acredito que vale a pena lutar pela justiça e pela verdade.
acredito que faz sentido viver uma vida com sentido,
ou passar a vida a procurá-lo.


acredito na comunicação.
acredito na urgência do perdão.
acredito na busca do essencial.
acredito no poder transformador de um olhar,
acredito no poder transformador do amor.




fotografia encontrada aqui




09 maio, 2007

a busca





quem me dera poder escrever-te,
ou pintar o teu retrato,
ou encontrar-te na rua
e demorar-me ao teu lado.
quem me dera sonhar caminhos
que encham de futuros os teus olhos
e desejar desejos
de encontro à tua vontade.
quem me dera falar pouco
e dizer sempre verdade.
quem me dera deixar tudo,
perder os passos na madrugada,
correr o mundo de mãos vazias,
só para te abraçar no fim da estrada.























fotografia daqui






24 abril, 2007

Sede




bebo a minha sede
da qualidade higroscópica do sal,
da claridade nuclear do sol,
da poeira interestelar do sul.






















Imagem: Nebulosa do Lago
Credit & Copyright: CFHT (Telescópio Canadá-Francia-Hawai), J. C. Cuillandre





(de)graus de uma cor



















fico extasiada com o verde!...
diferentes tons de verde,
diferentes (de)graus de luz...
quero este verde gravado no meu peito,
verde ácido, verde risco,
verde sonoro da primavera.
quero esta música de vento e pássaros,
este rumor ansioso de sonhos claros,
quero que o verde ventre da calma
rasgue os azuis raros e (trans)lúcidos da minha alma.
quero o verde antigo, verde mordido de maçãs e tílias,
verde sabor a horas vagas,
verde olhar (des)encantado,
verdes tristezas, verdes fados,
verdes pedidos, verdes (so)rrisos,
verdes abraços apertados,
verdes futuros encerrados
nas horas dos dias por vi(r)ver,
verdes desejos, verdes enredos,
verdes sentidos escondidos
nos caminhos por (per)correr.




18 abril, 2007

à janela

























à janela me esqueço de mim
e fico a ver o mundo passar.
respiro só às vezes e devagar
para não aumentar a concentração
de dióxido de carbono no ar...
à janela me esqueço de ti
e dos mundos e dos outros que te inventei.

fico assim grávida de imobilidade
atenta ou alheia à realidade
(ninguém vê, ninguêm sabe...)

à janela estendo, em silêncio,
rios de vozes das multidões interiores.
à janela me concentro e me disperso,
perco-me nos rostos e nas cores,
nas esquinas dos olhares e arredores...
à janela me transformo, me transfaço, me transcedo:
peça a peça, sangue e sede,
pedra a pedra, desejo e pele,
passo a passo, osso e dor.











Quadro: Person at the window by Salvador Dali




11 abril, 2007

escolhas























O caminho da felicidade é aquele em que somos fieis à verdade interior, aquele em que somos inteiros.
É mais importante ser íntegro do que agradar.






imagem retirada daqui



20 março, 2007

pudesse ser pedra



pudesse ser pedra
ou rio
ou flor,
água do mar,
ou asa de cotovia,
o meu canto romperia a aurora
nas fontes,
inventaria sentidos
ao dia,
correria, correria,

só para ver se te via.


28 fevereiro, 2007

passos





Aonde vais bailarina
No teu vestido de flor
Porque segues tão sozinha?
Não te encontrou o amor?

Como são leves os teus passos…
Encerram tanta alegria, tanta dor!
Abraçam a lucidez dos espaços,
Reflectem do silêncio a cor.






fotografia encontrada aqui


21 fevereiro, 2007



uma flor caía.
eu vi-a e achei-a linda,
mas não consegui agarra-la.




09 fevereiro, 2007

flor






positivo...


























nos momentos de consolação aproveita para pôr ideias em ordem
e retemperar energias,
sonhar, discernir, escolher o melhor entre bens,
avaliar, perceber o que é essencial: onde está o teu tesouro?
"onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração"
liberta-te do que está a mais, do que te impede de avançar e te aprisiona.
encontra-te, deixa-te encontrar...













negativo...


























nos momentos de desolação não tomes grandes decisões.
aproveita a solidão e o silêncio para parar.
não te deixes abater, mantem-te firme nas decisões anteriores.
apercebe-te da tua fragilidade, conhece-te.
aprende com humildade a seres quem és.
sê paciente e preserverante.
confia.





































não desistas, porque o tempo não pára de passar,
e com ele tudo o que não é permanente nem importante.
não sejas um barco a deriva, ao sabor do vento:
escolhe o caminho em consciência,
não sejas escravo de vontades e desejos. encontra o teu maior desejo.
o único. aquele que se esconde no teu íntimo.
aquele que responde ao teu anseio de felicidade.
escolhe o maior bem: o melhor para ti e para os outros.
o que te fizer crescer.
tudo o que fizeres, muito ou pouco, faz com amor.
no positivo e no negativo procura sempre um sentido.
aceita as cores dos teus dias, mas não percas a esperança,
não deixes que a tua vida seja a preto e branco.










24 janeiro, 2007

goodbye I'm going home

a ouvir Married with children aqui
ou ali
ou acolá
é só escolher...


morning light



I hate that you're so silent and oh! so bright!
It makes me feel I'm always wrong and you’re always right.
I hate when you say that you have nothing to say!
It makes me keep all unanswered questions in my mind.
I hate that we never see each other really,
Even though, if we did, I would probably hit you.
I hate not to hate you at all, although I should,
But it's all right…I've made up my mind:
What I thought I knew
What I thought I could or should have done,
I’ll let it fade away.
Meanwhile I’ll meet the dawn, feed my heart with morning light.
I guess I can say:
"Goodbye, I'm going home"



23 janeiro, 2007

ao ritmo do coração




há algo de satisfação silenciosa em acordar à hora prevista, sair para o frio da manhã, atingir passo a passo pequenos objectivos, sentir que o tempo passa naturalmente. há algo de promessa cumprida no nascer do sol. há algo de felicidade contida no simplesmente estar... sem fazer nada, sem dizer nada, 1min, 2min, 3min, ... o tempo que se puder e quiser. há algo de incompleto e de insatisfeito em cada um. há algo que nos faz correr, há algo que nos faz sonhar, há algo que nos faz arriscar mais. mas também há paz nesse arriscar-se quando se tem um rumo certo no coração em vez de navegar à deriva.



21 janeiro, 2007

olhares








a qualidade dos momentos depende muito do nosso olhar:
às vezes é do lugar mais inesperado que surge a luz,
outras vezes andamos às escuras
porque nos esquecemos de abrir os olhos.
a qualidade do presente depende muito da esperança:
o futuro é sempre incerto,
que seja uma incerteza cheia de possibilidades!




20 janeiro, 2007

wonderwall

everybody needs to be saved

17 janeiro, 2007

half the world away

can't help feeling this way