Magis: Peregrinação entre San Sebastian e Arantzazu - 9 a 14 de Agosto de 2011
Às vezes a distância... é o melhor remédio.
Quando estamos perto demais nem sempre temos consciência do plano geral.
Dava jeito, às vezes, conseguirmos ver-nos (a nós, às nossas opções, às nossas relações) à distância.
gastei os meus passos a caminhar,
mas não cheguei a nenhum lugar.
devolvi o meu corpo à terra,
mas ela não o recebeu.
abri o meu flanco para dar de beber aos pássaros,
mas eles não se aproximaram.
voltei para casa, sozinha, sem ti,
mas haverá algum lugar onde tu não estejas?
o que realmente me emociona são as pessoas.
vai aonde queres ir,
diz o que tens a dizer.
sê educado e sensato,
humilde, mas não condescendente,
corajoso, mas não intransigente,
livre acima de tudo,
na relação com as coisas e com as pessoas,
na certeza de que tudo passa,
(até a vida)
e portanto não tens nada a perder.
no sábado levava a avó e a Lina no carro:
"olhe aquela é a casa do Fernando, está a ver?"
"e agora, já sabe onde é que estamos?"
"não, ainda não atravessamos a ponte"
"olhe o milho como está grande, nasceu muito bem"
percebi finalmente por que é que o meu avô conduzia tão devagar.
porque quando se conduz rápido demais, como eu normalmente conduzo, não se consegue ver se o milho já nasceu.
Why Bother? from ONE Campaign on Vimeo.
New and effective vaccines are now available to help prevent two of the biggest killers of children under 5: pneumonia and diarrhoea. With these vaccines we can save 4 million kids' lives in the next 5 years. But we've only got a few weeks to make it happen. Next month world leaders are meeting at the Global Alliance for Vaccines and Immunisation pledging conference to decide how much they will support the roll out of these vaccines in developing countries.
um oásis.
só preciso de cinco minutos de oásis por dia para me abstrair da quantidade de trabalho que tenho pela frente e descansar.
e um café.
um café depois do almoço para enfrentar a tarde, noite, madrugada (o tempo que for) com energia aproximadamente constante.
pela música não pelo filme (embora tenha gostado do filme).
pelo silêncio a que (est)a música nos impele.
e mais não digo: (hoje).
mais do que muitas palavras,
mais do que palavras a mais,
o silêncio diz-te muito bem
e cala-me ainda melhor.
o fim e o princípio sobrepostos,
lugar onde se cruzam todos os caminhos,
ponte para lá das palavras e dos gestos.
um amor que no silêncio se revela,
que na humildade se traduz
em entrega desmedida.
na multidão de anónimos
caminhar.
silêncio.
no muro dos dias
tricotar janelas,
ver.
tempo de dar.
tempo de parar.
(in)decisão.
entra pela porta fechada.
a verdade nos gestos, o silêncio na boca.
a beleza.
ruído de passos.
ninguém.
a memória.
repetidamente, por tempo indeterminado (acho que me estou a repetir)
estou viciada. posso ouvir The National todos os dias, as mesmas músicas, repetidamente, por tempo indeterminado.
quando não te vejo é que não te esqueço,
quando não me falas é que não me calo,
quando não me tocas é que te desejo,
e neste desencontro nada te subtrai,
só se multiplica a tua longa ausência.
quanto mais analiso a raiz do questão
mais me confundo e mais me convenço
da ausência de ciência nesta (in)consciência.
quanto mais verifico a insolução
mais me critico e mais me disperso,
mais te encontro e mais me afasto da razão.
esta (in)consciência ignora as leis da física
e da matemática e da linguagem e da gestão
e outras que tais...
mas eu não.
se a (in)consciência ignora todas as leis
eu ignoro a (in)consciência e outras que tais
e da tua presença me subtraio:
se te vejo mais depressa esqueço,
se me falas eu não te respondo,
e se me tocas não te quero mais.
muitas vezes sou prisioneira dos meus sentimentos e desejos.
hoje saio em liberdade condicional por bom comportamento.
gosto da manhã. da luz da manhã. da sensação de que todas as coisas são ainda possíveis. do pequeno-almoço. do cheiro a café.
gosto da noite. do silêncio. de conduzir pelas estradas vazias. das conversas intermináveis. do luar. de ver o dia nascer. de ouvir o dia nascer.
gosto de dormir muito, mas não me consigo deitar cedo. por isso no tempo de aulas durmo pouco e vejo muitas manhãs. nas férias durmo muito e vejo muitas noites, poucas manhãs.
às vezes a persistência é boa. é preciso saber esperar.
estes são dias de hibernar. não estou cá. estou retida. estou contida. estou ausente.
luz e sombra
angústia e sede:
a distância tece-te
em meus dedos.
já não sou livre,
já não sou perto,
sou a retórica dos teus medos,
sou a esperança esquecida,
sou a voz dos teus segredos,
sou a ausência da criança,
sou a manhã branca e mordida
pela pulga na balança.
sou as mãos do teu silêncio,
sou as noites que não dormes
e as insónias que não tens.
sou a palavra escondida
na tua página vazia,
sou a rotina que te azia.
sou o verbo que desistes,
sou o substantivo que não usas,
sou complemento directo a que resistes.
sou o cansaço que não dizes,
sou tua dor que não descansa,
sou o teu sonho por cumprir
por isso levanta-te e dança
que eu estou decidida,
vou ficar (estou perdida,
não tenho nada a perder).
"Houvesse um sinal a conduzir-nos
E unicamente ao movimento de crescer no guiasse. Termos das árvores
A incomparável paciência de procurar o alto
A verde bondade de permanecer
E orientar os pássaros"
Daniel Faria
in "Poesia" (2009)
Edições Quasi