31 dezembro, 2010
2011
24 dezembro, 2010
oração
que o silêncio te diga
o que não te sei dizer.
que o silêncio te abrace
se não te posso tocar.
que o rio do tempo
te traga a salvo para casa,
seja ela no mar
ou noutro qualquer lugar.
[se a fizeres sobre as ondas
que as saibas navegar,
se a construíres nas nuvens
que aprendas a sonhar.]
22 dezembro, 2010
natal
21 dezembro, 2010
palavras tantas
20 dezembro, 2010
15 dezembro, 2010
metáfora
dialéctica
nem tudo o que reluz faz frio,
nem tudo o que assombra é puro,
nem tudo o que seduz é bom,
nem tudo o que se diz é claro,
nem tudo o que se cala é escuro.
(da madrugada)
13 dezembro, 2010
perspectivas
e se tudo o que acontece for o melhor, mesmo que as vezes não pareça?
e se tentar fazer o melhor com tudo o que acontece, mesmo que às vezes não apeteça?
12 dezembro, 2010
Tiago Bettencourt & Inês Castel-Branco "Se Cuidas de Mim"
a propósito de coisas simples, uma canção simples. às vezes as coisas simples estão mais perto da perfeição. a amizade, por exemplo, uma coisa aparentemente simples...
coisas simples
06 dezembro, 2010
nina simone - how it feels to be free - montreux 1976
"i wish i would know how it feels to be free"
(i wish you to know how it feels to be free)
(uma mulher de armas!)
inverno
de outra cor
05 dezembro, 2010
paz
dentro do corpo um grito mudo,
quando a alma me pede revolução
e a razão surda lhe diz que não.
já sinto na pele as marcas da guerra,
já sinto na boca o sabor do medo.
desta vez peço paz, fico em terra,
não tenho forças para lutar em vão.
desta vez pedes paz, calo a ambição,
ouço o teu silêncio azul-denso-fundo.
do outro lado
hoje vou calar o desejo, a procura, o dever,
ignorar essa voz que me agita os sentidos,
vislumbrar um poema e não o escrever,
recusar essa sede de perto e de mais,
ver-te ao longe na rua e não te chamar,
ser de vento, invisível, desaparecer,
não ter nada a dizer e esquecer-me do resto,
já não ser, não pensar, ser silêncio profundo,
ser outro, ser além, ser o resto do mundo.
04 dezembro, 2010
02 dezembro, 2010
nada
não vou escrever, não vou escrever, não vou escrever, não vou escrever, (isto sou eu a não escrever) dói-me, mas não vou escrever, não vou escrever, não vou escrever, não vou escrever, estou calada, está-se mesmo a ver que estou calada, não digo nada, fico aqui quietinha e calada, não vou escrever, hoje definitivamente não vou escrever mesmo nada.
01 dezembro, 2010
um dia mais perto
caminho como quem traz permanentemente
um segredo invisível na mão,
uma pequena luz guardada sob a pele
na direcção do coração
que muda quase imperceptivelmente a cor
das ruas, dos outros, dos dias.
ouvi dizer II
dizem-me que cale, ignore, iluda,
que enterneça, que disfarce e entre-teça
e a seguir desapareça.
dizem-me que, com lucidez,
respeite as regras
e finja estar, tanto quanto possível,
absolutamente desinteressada.
ouvi dizer I
quando o que quero é dizer coisas simples:
pedra, mão, rio, mar, terra, fogo, ar
e só me saem redes intrincadas,
frases complexas, palavras complicadas,
devia respeitar as regras do jogo
e desaparecer, agora, enquanto não está ninguém a ver,
mas quem disse que eu sei jogar?
silenci-ar
Hoje é claramente um daqueles dias
em que está frio demais
para esperar pela noite em silêncio.
podíamos gritar...
[mas não há nada que cale melhor o frio
do que o instante imóvel,
o meu silêncio no teu olhar
o teu silêncio na minha boca,
o espanto]
30 novembro, 2010
claramente obscuro
a taça vazia sobre o muro.(existir não chega).
um gesto de atenção chegaria para encher a taça.
(um gesto quase banal devolveria o estado de graça).
um movimento mais brusco e desilude-se a ilusão.
um passo impreciso entre a confiança e a dúvida,
um gesto inseguro por um móbil mais puro.
cala-te, mas não te esqueças do que ias dizer.
calo-me, mas não me esqueço do que posso sofrer.
os dias sucedem-se na lista telefónica do esquecimento
(que dia é hoje? é teu este dia?)
agarro-me ao meu (medo ou) mecanismo de segurança interna-dor (msi-dor)
e escrevo (me) sucessivamente em dó menor
para disfarçar a falta de talento para entender o mundo:
dó, ré, mib, ré, dó, solilóquio mudo em tom profundo
(queres ver a cor deste tempo, dos dias que eu já sei de cor?
dos dias iguais a todos os dias: cadência suspensivo-controla-dor)
não há palavras que me sirvam, que me aqueçam, que me calem
mas para dizer o que (te) digo, melhor seria estar calada,
pois às palavras tantas sinto que te engano, me desdigo:
não é minha a tua voz, não é teu o meu desejo,
não é tua a minha esperança, não é meu o teu cansaço.
silencio o cálculo da probabilidade das imponderabilidades e descanso,
hoje é só mais um daqueles dias de desassossego mais intenso
em que me claro, espero, escuro, penso, calo, quero tudo! adormeço.
29 novembro, 2010
até ser tarde
evitar (te)
porque me custa tanto falar (te)
porque me custa tanto calar (me)
escrevo aqui para evitar encontrar (me)
descrita noutro lugar onde pudesse encontrar (te)
26 novembro, 2010
a paz que eu não tenho
24 novembro, 2010
Maria Rita - Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)
"paz sem voz não é paz é medo [...]
é pela paz que eu não quero seguir admitindo"
(O Rappa, Marcelo Yuka)
De passagem
sob a aparente calma dos dias,
sob a pele, como uma segunda alma,
a urgência constante do encontro,
a urgência constante da viagem.
atravesso os meses com a mala arrumada,
pouca coisa: coragem, liberdade, quase nada.
tacteio na escuridão do presente,
vasculho no rumor indecifrável da rotina,
um sinal, uma palavra, uma imagem
que me devolva a memória do futuro,
que me inspire as coordenadas da próxima paragem.
hoje, agora, amanhã: não estou parada,
estou um passo mais perto da chegada
estou um instante mais perto da partida.
22 novembro, 2010
Lucidez
acredito,
lá bem no fundo acredito
na esperança dos dias,
na lógica das árvores,
no rumor dos águas,
na intenção do vento,
na solidão das pedras,
na liberdade dos pássaros,
na lucidez do tempo.
Pressentilêncios
não sei se é de luz este instante,
de silêncio, ou espanto.
não sei se é o sabor deste encontro
que me acorda por dentro.
pressinto os teus passos no rumor dos dias,
é solitário o teu caminho,
vã é a minha pressa.
o tempo não se detém na curva das horas,
a manhã submersa, a tarde tão escassa,
passas por mim amanhã?
(passas por mim agora?)
é tua esta voz? é teu este braço?
não te digo ainda o que me adivinho,
hoje ainda é cedo, o momento é raro,
hoje só pressinto, espero um dia claro,
hoje faz cinzêncio, paro, calo, espero.
21 novembro, 2010
Depois da tarde
de repente o medo.
não sei se é a noite a chegar
ou se sou eu que finjo não procurar,
mas não sei o que fazer se tiver encontrado.
não faço nada.
fico aqui? fico perto?
fico ao lado?
escrevo? não escrevo?
paro? escuto? espero?
respiro-te de-pressa,
mas não declaro.
aproximo-me devagar, observo e calo,
mas quero-te perto
e isso é tão raro.
18 novembro, 2010
Lenine - "É O Que Me Interessa" - Trama Radiola
é esta a minha frequência de vibração hoje, ontem, amanhã, todos os dias, esta música repetida até à exaustão.
10 novembro, 2010
05 novembro, 2010
Segredo
04 novembro, 2010
Inércia
inércia.
sono.
estupidez aguda
ou indolência generalizada?
o tempo a passar
e não fiz nada.
nada de nada.
...
vou fazer uma pausa.
(de quê?)
25 outubro, 2010
Citação
"A música tem de dar espiritualidade ao corpo para se tornar em sonoridade visível."
19 outubro, 2010
outra vez
16 setembro, 2010
Academia de Verão
09 setembro, 2010
Ser
a distância entre o que se pensa e o que se é,
a distância entre o que se faz e o que se pensa,
a distância entre o que se faz e o que se é,
são, a maior parte das vezes, muito maiores do que nós pensávamos...
são, a maior parte das vezes, muito maiores do que a raiz quadrada da soma do quadrado dos catetos.
Regressar
13 agosto, 2010
espaço
(um rumor longínquo)
a memória da distância,
memória do que não vi
como se fosse possível guardar em mim
uma memória do futuro
(de um futuro).
eu quero sair daqui para nenhum lugar
como quem caminha num quarto escuro
e se mistura na escuridão e se escurece
e ao ser habitada pelo espaço desaparece.
TED TALKS
23 julho, 2010
definição
revelação
(era) segredo
eu que nunca sei dizer o que sinto (mais depressa fujo, mais depressa minto) e detesto que me vejam chorar (mais depressa coro, mais depressa finjo ter um cisco no olho ou uma alergia ao oxigénio do ar) comovo-me em segredo, por tudo e por nada, a toda a hora, em qualquer lugar.
(e ainda é)
19 julho, 2010
B Fachada - O Desamor
canção sem música
eu gosto é de ilusões:
a realidade é um balde de água fria
que me acorda às quatro e meia, cinco e pico, seis e dia
com mais fome e menos fé.
enquanto o tempo se entre-tem, se entre-tece
e o silêncio me des-ilude, me entorpece,
vou ver se escrevo, vou ver se calo,
vou ver se esquece.
(porque eu não esqueço, eu não esqueço
eu só peco, faço, parto, volto errante,
fico só e só tropeço, corto horas e distâncias
com a finita (im)precisão de um talhante)
e afinal a longa espera é sempre em vão
e as palavras que eu te gasto
são só a minha maneira
de iludir a solidão.
13 julho, 2010
Jordi Savall - yo me enamore de un ayre
Viajar...
10 julho, 2010
Hoje
O concerto de hoje está esgotado... (e eu vou estar lá :-) mas vale a pena estarem atentos ao programa e passarem por lá para ouvir boa música a preços reduzidos depois de uma boa tarde de praia (de preferência num dia em que não esteja vento e nevoeiro como) e de um banho no mar (se tiverem coragem de enfrentar a temperatura do mar da Póvoa...)
06 julho, 2010
Pérolas aos Poucos - Zé Miguel Wisnik
05 julho, 2010
o encontro
A tua pequenez é enorme.
Nada te pode vencer.
Não recuses nenhum dos teus limites, só eles dizem a grandeza do que tens.
Daniel Faria
29 junho, 2010
"Eu sou o amor"
imagem retirada daqui
Pensamento II
a verdade mais dolorosa é melhor que a mentira mais piedosa.
Pensamento I
às vezes enganámo-nos a nós próprios.
e no fundo sabemos que estamos a enganar-nos.
mas queríamos tanto estar enganados.
(ou seja, não estar enganados).
21 junho, 2010
quase...
10 junho, 2010
sem título
07 junho, 2010
Conjugar o verbo acolher
Conjugar o verbo estar
27 maio, 2010
depois da tarde
palavras suspensas na garganta
por um fio invisível, rente à língua,
à míngua de água. fome.
palavras suspensas no ar
como frutos em queda entre o sonho e o chão,
Palavras suspensas no verbo
cair. [dizer, silenciar, mudar, partir]
palavras suspensas na vontade:
[medo] de te [ser]
palavras suspensas nas mentiras que tecemos.
viscosas. mãos. fundo.
24 maio, 2010
a tarde
a tua pele de sal.
a tua boca de mar.
o teu corpo de areia e de sol.
a tua boca de sal.
a tua boca de sal.
a tua boca de sal.
22 maio, 2010
16 maio, 2010
espera(r)
esperar é a capacidade dos que ainda são capazes de viver com esperança, dos que ainda são capazes de acreditar no mundo, nas pessoas, na beleza, na verdade, na justiça,...
esperar está para a acção como o silêncio para a música (ou para a palavra) e já se sabe que não há boa música sem silêncio.
20 abril, 2010
silêncio.
pudesse calar-te às vezes,
ou fazer-te falar,
quando quero,
quando expiro,
quando não sei dizer-te
que preciso.
(nunca sei dizer-te nada).
espera.
dos dias roubados
ao silêncio.
de esperança perdida
na azáfama dos dias roubados
ao silêncio.
estas brancas palavras de esperança perdida
na azáfama dos dias roubados
ao silêncio.
foz.
do outro lado do mar.
do outro lado do rio.
do outro lado de nós.
19 março, 2010
Espera
as contrariedades testam a persistência e fortalecem o espírito?
ah! então é isso. já me sinto mais musculosa.
29 janeiro, 2010
Cinzas
em que me esqueço
e o sal queima à nascença o teu desejo
filigrana de cinzas nos meus dedos.
Não era tarde
se viesses perder-me agora
e aos teus passos ruíssem as paredes
e o vento frio por dentro me habitasse.
Não era tarde, era a hora
tão esperada e por isso já esquecida,
de quem sempre espera
e nunca se demora.
Se tu soubesses (se o saber bastasse)
as nuvens que me enchem os pulmões
e que de respirar meu corpo amadurece
e cai desamparado nos umbrais.